CRÍTICA

Química entre atores sustenta interesse da versão para o cinema de A culpa é das estrelas

Shailene Woodley e Ansel Elgort convencem como os namorados doentes Hazel e Gus

Ernesto Barros
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Ernesto Barros
Publicado em 05/06/2014 às 6:00
Fox Filmes/Divulgação
Shailene Woodley e Ansel Elgort convencem como os namorados doentes Hazel e Gus - FOTO: Fox Filmes/Divulgação
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Já aprovados pelo público adolescente desde que apareceram como irmãos em Divergente, lançado em abril último, a escolha dos atores Shailene Woodley e Ansel Elgort como protagonistas de A culpa é das estrelas, que estreia nesta quinta-feira (05/06) em todo o País, foi mais do que certa. Por mais que se saiba da história de Augustus Waters e Hazel Grace Lancaster, os doentes apaixonados criados pelo escritor John Green, a química entre Shailene e Ansel é o que sustenta a transposição do livro para o cinema.

Os milhões de leitores que sonharam em ver Gus e Hazel em carne e osso não vão se decepcionar. Já no primeiro encontro entre os dois personagens, no grupo de apoio a portadores de câncer que Hazel frequenta, Shailene e Ansel conquistam o público de cara.

Alto e forte, Ansel cria uma imagem sadia e independente para Gus, o menino que, apesar de já haver amputado uma perna, está há mais de um ano sem problemas com a doença. Visivelmente mais frágil, Hazel precisa puxar um balão de oxigênio para conviver com o câncer que cerca seus pulmões.

Ao contrário de outras histórias já vistas no cinemas – algumas também nascidas nos livros, como o clássico Love story: uma história de amor (1971) –, os adolescentes doentes de A culpa é das estrelas não têm sua relação amorosa interrompida pela doença. A novidade na trama criada por John Green é justamente fazer com que Gus e Hazel se apaixonem mesmo sabendo que a morte está batendo à porta.

É por isso que o filme se torna mais tocante para o espectador que está na mesma faixa etária dos personagens. A dupla de roteiristas Scott Neustadter e Michael H. Weber, do ótimo 500 dias com ela, esforça-se ao máximo para manter a graça e a emoção em alta. Sim, mesmo com todo o tema da morte em primeiro plano, há humor – mesmo negro – em A culpa é das estrelas.

Cada qual com suas razões, dois personagens secundários dão um tênue equilíbrio ao filme, o que faz com que o diretor John Boone, em seu segundo longa-metragem, não se perca em cenas com alto teor de sacarina e lágrimas. O melhor amigo de Gus, Isaac (Ned Wolff), por exemplo, perde os dois olhos devido a um câncer, mas sua revolta é marcada pelo humor. Ele pede ajuda a Gus e a Hazel para se vingar da ex-namorada. Mesmo cego, Isaac atira ovos no carro da família da menina.

O outro é o escritor recluso Peter van Houten, vivido por Willem Dafoe, que escreveu um livro muito querido pelo casal. Como são apaixonados pelos personagens criados por Van Houten, Gus e Hazel acabam viajando até Amsterdã para conhecê-lo. Acompanhados pela mãe de Hazel (Laura Dern, numa boa participação), eles vivem uma espécie de lua de mel, embora a visita ao escritor traga vários dissabores.

Como boa parte das adaptações literárias feitas em Hollywood, o filme tem como missão satisfazer os leitores em primeiro lugar, especificamente os fãs de John Green. Como filme, A culpa é das estrelas é um produto subalterno e secundário, apesar de bem feito. Em todo caso, não se esqueça de levar os lenços.

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