O gaúcho Júlio Andrade, 37 anos, é um dos mais talentosos atores brasileiros da atualidade. Além dos eventuais personagens na TV – como em O rebu, em que interpreta o bipolar Oswaldo –, no cinema suas interpretações sensíveis e intensas têm conquistado o público. Depois de Raul Seixas e Gonzaguinha, ele veste a pele do escritor Paulo Coelho na cinebiografia Não pare na pista, que estreia nesta quinta-feira (14/8). Nesta entrevista, Júlio fala sobre como foi difícil ser Paulo Coelho.
JORNAL DO COMMERCIO – No teste para fazer Gonzaguinha, em Gonzaga: de pai pra filho, Breno Silveira contou que ficou impressionado ao lhe ver personificado, até com a famosa arrogância do cantor. Para fazer Paulo Coelho, você se submeteu a teste ou todos os diretores já foram conquistados com seu jeito camaleônico?
JÚLIO ANDRADE – O pessoal do filme chegou na minha casa para me convidar. Eu não sabia qual era o projeto ainda, mas estava vindo de Serra Pelada, que tinha um clima dos anos 1980. Eu já tinha alguma coisa de Paulo Coelho em mim que não estava nem sabendo. Eles brincaram comigo sobre ter feito o teste caracterizado de Gonzaguinha. Fui pego de surpresa quando me falaram que queriam que eu ajudasse a contar a história de Paulo Coelho.
JC – Qual o tipo de laboratório você fez para mergulhar na vida de Paulo Coelho?
JÚLIO – Eu sabia muito pouco sobre ele. Minha mãe era fã e tinha na estante quase todos os livros dele. Alguns eram livros de cabeceira dela. Aos 15 anos, eu li O diário de um mago a pedido de uma professora. Até então esse foi o único contato que eu tive com as obras de Paulo. Como tudo mundo, o que eu sabia era o que saía na mídia, principalmente a parceria e as histórias folclóricas com Raul Seixas. Durante a preparação, eu li Verônica decide morrer, que é um livro meio autobiográfico. A pedido da roteirista não li a biografia dele. Afinal o roteiro dela foi fruto de uma pesquisa extensa e havia muitas indicações que serviram para mim. Depois, eu fui a Genebra, onde ele mora. Passamos quatro dias por lá e pude conhecê-lo na intimidade. Foi uma coisa bacana e eu pude acompanhar o dia a dia dele e observar algumas características que eu achei massa.
JC – Você já fez Raul Seixas na TV, em um dos episódios da série Por toda a minha a vida. Esse conhecimento prévio sobre Raul, que durante certo tempo foi o duplo de Paulo Coelho, ajudou-lhe de alguma maneira?
JÚLIO – Eu acredito que sim. Naquela época, o relacionamento deles era assim. Acho que rolou uma simbiose, eles eram quase a mesma pessoa. Quando eu fiz Raul pude ver também o lado de Paulo. E agora ter feito Paulo me lembra o Raul. Isso foi legal porque eles foram uma mistura de pessoas que se complementavam. Foi interessante também porque eu pude perceber, nas músicas que compuseram, o que passava na cabeça deles. Essa é a grande diferença ao se fazer uma cinebiografia: você precisa ser o cara.
Leia a entrevista completa na edição desta quarta-feira (13/8) no Caderno C, do Jornal do Commercio.