Cinemas, centros culturais, praças e hospitais. De hoje até o dia 28, o 6º Animage: Festival Internacional de Animação de Pernambuco está em toda parte: são 11 pontos de exibição no Recife e em Olinda. Oficialmente, a abertura só ocorre no próximo sábado, às 20h, no Cinema São Luiz, com uma seleção de curtas e a apresentação do longa-metragem Is the man who is tall happy? (O homem que é alto é feliz?, numa tradução livre), do francês Michel Gondry.
A partir de uma série de entrevistas com o filósofo, linguista e ativista Noam Chomsky, o inquieto cineasta francês se valeu de técnicas de animação para explicar conceitos, especialmente a teoria do surgimento da linguagem preconizada pelo pensador americano. A radicalidade autoral aplicada à animação é o principal foco da curadoria do Animage. A diretora do artística do festival, a cineasta alagoana Nara Normande, radicada no Recife, é rígida na escolha dos filmes da Mostra Competitiva.
Dos 78 curtas-metragens da Mostra Competitiva, que tem início no domingo, na Caixa Cultural e no Cinema da Fundação, apenas sete são produções brasileiras. “É verdade que a produção nacional tem crescido e aumentado a qualidade. Por outro lado, ainda temos sérios problemas de roteiro e criação de personagens, entre outras questões”, analisa Nara. No dia 26, uma sessão especial, no Cinema da Fundação, reúne os filmes brasileiros da competição com a presença de seus realizadores.
Além dos filmes inscritos, a diretora acompanha há quatro anos o Festival de Annecy, na França, o mais importantes do gênero no mundo. Nos últimos anos, o festival tem levantado a bola do cinema brasileiro de animação. Pela segunda vez consecutiva, um longa nacional ganhou o prêmio de Melhor Filme. Foi O menino e o mundo, de Alê Abreu, que é exibido no domingo, com a presença do autor no Cinema São Luiz. Alê também é um dos membros do júri, ao lado da cineasta portuguesa Regina Pessoa e do canadense Chris Robinson, diretor do Festival de Ottawa, no Canadá.
Este ano, o Animage recebeu 611 inscrições vindas de 52 países. Segundo Antônio Gutiérrez, Guti, que produz o festival, o aumento foi de 120% em relação ao ano passado. De acordo com um levantamento do site LaTam Cinema (www.latamcinema.com), o Animage está entre os 25 festivais de cinema ibero-americanos emergentes, sendo apenas quatro brasileiros. “Acredito que o evento está se consolidando e se encaminhado para ficar entre os melhores do Brasil e do mundo”, arrisca o produtor cultural, conhecido também pelo festival musical Rec-Beat.
Para montar a grade do evento de animação, as várias oficinas, as mostras especiais, os convidados brasileiros e estrangeiros, Guti ganhou apoio da Caixa Cultural, do Centro Cultural Correios, da Copergás e do Edital do Audiovisual/Funcultura. O orçamento deve chegar à barreira dos R$ 500 mil. “Em todos os projetos que me envolvo, me preocupo em facilitar o contato com o público, por isso todo o conteúdo é gratuito. O festival tem um cunho social, que une adultos, adolescentes e crianças em torno da animação”, explica.
Além da Mostra Competitiva, o Animage homenageia o cineasta canadense Norman McLaren, no ano de seu centenário de nascimento, com uma exposição na Caixa Cultural, a partir de hoje, e uma mostra no São Luiz, no dia 21. Outro tributo é a exibição de Sinfonia amazônica, de Anélio Latini Filho, primeiro longa animado produzido no País.