Renovação é a palavra-chave do 47º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Com as oscilações de curadoria dos últimos três anos, já estava na hora de o mais antigo festival de cinema do Brasil mostrar o seu valor. Hoje à noite, no Cine Brasília, a abertura não poderia ser mais simbólica: uma exibição especial de Deus e o diabo na terra do sol, de Glauber Rocha, em comemoração ao seu 50º aniversário.
A sessão promete ser das mais concorridas. A exibição da cópia restaurada do filme, um dos principais clássicos do movimento Cinema Novo, terá a presença de Paloma Rocha e Henrique Cavalheiro, filhos de Glauber, falecido há 33 anos, e do ator Othon Bastos, que faz o cangaceiro Corisco, um dos protagonistas do longa, ao lado de Geraldo Del Rey, Yoná Magalhães e Maurício do Valle.
Antes da sessão, nove músicos da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, sob a regência do maestro Cláudio Cohen, vão interpretar a música Perseguição, composta por Sérgio Ricardo, com arranjo armorial. A faceta política do festival será lembrada pelas mostras paralelas Reflexos do Golpe e Luta na Tela, composta por filmes como O caso dos irmãos naves, de Luiz Sérgio Person, O amuleto de Ogum, de Nelson Pereira dos Santos, Eles não usam black tie, de Leon Hirszman, Quase dois irmãos, de Lúcia Murat, e Cabra-cega, de Toni Venturi, entre outros.
A partir de amanhã, quando o festival deslancha e todas as mostras são abertas, inclusive as Competitivas de Curtas e Longas-metragens, cerca de 60 títulos serão exibidos em vários locais da Capital Federal. Além do Cinema Brasília, as sessões ocorrem nos auditórios do Museu Nacional, no Teatro da Praça de Taguatinga, no CG do Gama, no Teatro de Sobradinho e no SESC de Ceilândia. Campi da Universidade de Brasília (Plano Piloto, Planaltina, Gama e Ceilândia), do Iesb e da Universidade Católica (Plano Piloto e Taguatinga) irão receber debates, seminários e oficinas.
A Mostra Competitiva traz seis longas e 12 curtas, que vão concorrer aos Troféus Candangos e um total de R$ 625 mil em dinheiro. O cinema pernambucano concorre aos prêmios com quatro títulos: os longas Brasil S.A., de Marcelo Pedroso, e Ventos de agosto, de Gabriel Mascaro, e os curtas Sem coração, de Nara Normande e Tião, e Loja de répteis, de Pedro Severien.