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Um dos candidatos ao Oscar de melhor filme estrangeiro estreia no Recife

Leviatã traz a temática da corrupção, um mal que assola a Rússia, país em que o longa é ambientado

Marcos Toledo
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Marcos Toledo
Publicado em 22/01/2015 às 10:50
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Leviatã traz a temática da corrupção, um mal que assola a Rússia, país em que o longa é ambientado - FOTO: Divulgação
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Após duas semanas em pré-estreia, finalmente chega ao Recife o longa-metragem russo Leviatã (Leviafan, RUS, 2014), vencedor dos prêmios de Melhor Filme da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e de Melhor Roteiro no Festival de Cannes, ambos no ano passado, e de Melhor Filme Estrangeiro no Globo de Ouro este ano. A produção, que estreia nesta quinta (22),no Moviemax Rosa e Silva, também está indicada ao Oscar e ao Bafta de Melhor Filme Estrangeiro.

Ao assistir a Leviatã, o espectador deve perceber uma certa semelhança com uma realidade próxima. Assim como no Brasil, a corrupção é um mal que assola a Rússia e, no olhar do diretor Andrey Zvyagintsev (O retorno, Elena) – também roteirista, junto com Oleg Negin – degenera a sociedade em todas suas camadas causando desordem e emperrando o progresso do país.

Em tom de crônica, Zvyagintsev e Negin optam por carregar nas tintas, o que não desmerece a verossimilhança da obra. O longa ganha um formato comparável a uma charge, que retrata personagens e situações com traços exagerados para ressaltar seu lado grotesco.

No filme, a trama gira em torno de Kolia (Aleksey Serebryakov), morador de uma pequena cidade costeira, próxima ao Mar de Barents, no norte da Rússia, que se vê forçado a lutar contra o corrupto prefeito Vadim Shelevyat (Roman Madyanov) depois que fica sabendo que sua propriedade, onde vive desde que nasceu e onde fica sua oficina e a casa em que mora com o filho e a esposa, será desapropriada. Para ajudá-lo, ele pede a ajuda do velho amigo Dimitri (Vladimir Vdovichenkov), com quem lutou no Exército, agora advogado.

Determinado, Nicolai tenta, como qualquer cidadão, apelar para os meios legais. Porém, como em qualquer sistema político perverso, todos são manipulados por aquele que representa o domínio pela violação do direito democrático.

Desesperado, Kolia vê o suborno como outra opção para sustentar sua dignidade, o que apenas faz com que o prefeito se torne mais decidido a esmagar seu oponente.

Tão determinado quanto seus personagens, o diretor Andrey Zvyagintsev não hesita e nem alivia no desenvolvimento da saga dos moradores do belo rincão que parece abandonado pelas autoridades e por qualquer parâmetro de decência.

Do caos burocrático, o roteiro se aprofunda em problemas sociais e familiares que estão intrisecamente relacionadas à questão macro. O alcoolismo é um dos mais expressivos. Presente do café da manhã ao gargarejo de antes de dormir, o uso contínuo de vodca afeta a sobriedade dos personagens das decisões familiares às políticas.

Nesse caldeirão nauseante, até quem chega para ajudar, como o amigo Dimitri, acaba se envolvendo em uma espiral de perversão que parece não ter fim.

Impiedoso, Zvyagintsev em momento algum parece querer demonstrar qualquer tipo de otimismo sobre uma mudança dessa realidade a curto ou médio prazo. Muito menos afortunar as peças de tabuleiro de xadrez nefasto da vida real com um pingo sequer de misericórdia. Cabe apenas ao espectador decidir se demonstra ou não algum tipo de piedade.

Assista ao trailer de Leviatã, que estreia nesta quinta (22), no Moviemax Rosa e Silva:

 

 

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