Sócio-fundador da produtora Conspiração Filmes e primo do cantor e compositor Chico Buarque, o carioca Lula Buarque de Hollanda, 50 anos, já realizou quatro filmes: os documentários Pierre Fatumbi Verger – Mensageiro entre dois mundos e O mistério do samba, e as ficções Casseta e Planeta – A taça do mundo é nossa e O vendedor de passados, que ficou pronto este ano.
Depois de uma participação no FestIn Festival, de Lisboa, no início do mês, O vendedor de passados ganha sua primeira exibição brasileira neste domingo (03/5) à noite, no Cinema São Luiz. O filme é um dos sete concorrentes da Mostra Competitiva de Longas-metragens do Cine PE 2015 e já tem estreia marcada para o próximo no dia 21.
Produzido ao custo de R$ 6,8 milhões, o filme é uma adaptação do romance homônimo do angolano José Eduardo Agualusa, escrito em 2004, e traduzido para mais de 10 idiomas. Assim que leu a história, Lula conta que foi imediatamente seduzido pela ideia de um vendedor de passados. “Eu achei o personagem original e, na minha cabeça, pensei que poderia haver um vendedor de passados em qualquer país do mundo, cultura e civilização”, explica o cineasta.
Para viver o personagem cinematográfico, Lula garante que, desde o início, pensou em Lázaro Ramos. “Eu estava atrás de um grande ator e ele também estava procurando papéis em que o negro não fosse um estereótipo. O interessante é que você se coloca numa posição política quando não fala abertamente no assunto. Na verdade, eu queria falar de várias questões como, por exemplo, por que um cara de 30 e poucos se apaixona e casa. Vicente está solto, não quer ficar com ninguém, mas é atropelado pelo personagem de Alinne Moraes, que vai pedir algo que ele jamais imaginou que poderia ser encomendado, como se aquela fosse a obra-prima dele”, argumenta.
Ator forjado no teatro e com um dos melhores currículos do cinema brasileiro atual, o baiano Lázaro Ramos não se fez de rogado e pouco se preocupou em interpretar um personagem que não é questionado pela cor. Além do mais, ele já conhecia Angola, onde filmara o longa-metragem O grande Kilapy, e era um velho fã do livro de Agualusa. “Foi bom trabalhar na adaptação de um livro sabendo que a gente pode fazer uma outra obra para oferecer dois prazeres: um prazer a quem vê o filme e outro a quem lê o livro. São duas obras, cujo personagem é o mesmo, e que debate temas como identidade, memória, onde mora a verdade”, enfatiza Lázaro.
Lei a reportagem completa na edição deste sábado (02) no Caderno C, do Jornal do Commercio