Há pelo menos cinco anos que a Pixar Animation não aparecia com um filme tão interessante quanto Divertida Mente. O 15º longa-metragem da conhecida empresa de animação, que pertencente à Disney, estreia hoje em circuito nacional. Até o título brasileiro – o original é Inside Out – é um desses achados geniais.
Ou seja: Divertida Mente traduz com perfeição a ideia de Peter Docter e Ronnie Del Carmen, que coescreveram e codirigem o filme a quatro mãos. Essa divisão de tarefas é muito comum na Pixar, onde os cineastas se revezam na tarefa de criar monumentos de sensibilidade na forma de filmes.
Indo direto ao assunto: Divertida Mente é um sério candidato a figurar no topo da lista da Pixar, perto de desbancar obras-primas como Toy Story, Monstros S.A, Procurando Nemo, Ratatouille, Walle-E e Up – Nas Alturas. Tudo bem, vejam o filme primeiro e tirem suas conclusões depois.
Mas fiquem sabendo de uma coisa: a mente por detrás de mais da metade desses filmes pertence a Peter Docter. Junto com Ronnie Del Carmen, ele criou outro filme em que um conceito altamente inteligente, daqueles que envolvem numa mesma teia crianças e adultos dos 8 aos 80 anos, ultrapassa a barreira da imaginação.
É muito difícil, se não impossível, aparecer um filme cem por cento original. Mas Divertida Mente quase chega lá. Afinal, quantos filmes você já viu em que a ação se passa dentro da mente do personagem? Só não vale lembrar de O Grande Dave, aquele filme muito ruim em que Eddie Murphy é uma espécie de astronave pilotada por alienígenas.
No caso deste filme, o que vemos é bastante superior porque Docter e Del Carmen lidam diretamente com sentimentos, abstrações do comportamento humano como a tristeza, a alegria, a raiva, o medo e o nojo (nojinho, no caso), que estão na base da nossa relação com o mundo e com os outros. Então, simples assim, Divertida Mente é uma viagem pelo interior da mente de Riley, uma menina de 11 anos, e os “personagens” que fazem com que ela seja o que é. Principalmente, como Riley reage quando os pais se mudam de Minnesota para São Francisco e ela não consegue se adaptar nem a nova vida nem à escola.
A ideia pode até parecer cerebral demais, mas Divertida Mente passa ao largo de questionamentos. De olhos e mentes abertas, o espectador se transforma em Riley, crescendo, aos trancos e barrancos, sem medo de ser feliz em mundo colorido e surpreendente a cada dia.