Sim, até o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), considerado um dos mais radicais no espectro da esquerda do Brasil, se rendeu ao sucesso avassalador do filme Star Wars - O Despertar da Força. Indo além do fascínio pelo sétimo filme da saga, o site do partido publicou ontem um texto com uma resenha crítica do filme, falando da história da saga e da sua relação com a política e ideologia capitalista.
A maior surpresa é o radicalismo ficou de lado na análise. Claro, há uma contextualização política, que fala de como a trilogia original aborda o imperialismo americano no Vietnã e a busca por substituir as intervenções militares por “regimes burgueses dito democráticos” nos países que invadia. “Daí o apelo à ‘democracia’ contra as ‘forças ditatoriais’ e obscuras, que também eram associados à já decadente URSS e aos países do Leste Europeu”, escreve o crítico Gustavo Linzmayer.
O texto, no entanto, avalia que a saga de George Lucas sobreviveu aos riscos de ser produzida pela Disney. O artigo aprova, por exemplo, o rigor dos produtores “para que a nova saga não se chocasse nem com as trilogias antigas nem com o universo expandido”. Além disso, diz que Star Wars reflete algumas das conquistas políticas dos últimos anos.
A resenha do PSTU consegue me tacar geopolítica da Guerra Fria e movimentos sociais nos Star Wars, que coisa maravilhosa hahahahaha.
— Julio Cesar (@oimperador) 13 janeiro 2016
“Surgiu com força, além disso, a necessidade de se pensar a construção dos personagens de maneira a romper com o estereótipo discriminatório do protagonismo branco e masculino. No final dos 70 podia-se, com mais conforto, produzir um filme centrado no sujeito branco, com preponderância do masculino. Hoje, graças ao esforço dos movimentos negro e feminista, torna-se uma demanda sensível ao público em geral romper com essa lógica”, analisa o crítico, que ainda se demonstra ansioso pelos novos capítulos da saga.
Confira o texto completo - com alguns spoilers - no site do PSTU.