Não faltam no mundo jovens mulheres talentosas que, paralisadas pelos obstáculos em seus caminhos, acabam se tornando promessas de sucesso nunca realizadas. Algumas dessas jovens conseguem encontrar um fôlego extra para virar o jogo; outras, mergulhadas no fundo do poço, parecem esbarrar em uma espécie de mola que as impele para cima. Joy: O Nome do Sucesso, de David O. Russell, que estreia nesta quinta-feira (21) no Brasil, apresenta uma história de superação livremente baseada na vida da inventora e empresária norte-americana Joy Mangano, responsável pela criação do Miracle Mop – um prático esfregão que se tornou sucesso de vendas nos anos 90.
Na narrativa não-linear do longa, o expectador acompanha desde a infância a história de uma menina inventiva que, encorajada pela avó (Diane Ladd), parecia destinada a grandes coisas. A separação dos pais, a inércia da mãe, a desistência da faculdade e um casamento frustrado são alguns dos fatores que destroem os sonhos da jovem, que acaba por carregar a casa nas costas. Com dois filhos pequenos, um emprego mal pago, a hipoteca da casa, a mãe depressiva (Virginia Madsen) que vive no mundo imaginário das telenovelas e o ex-marido (Edgar Ramírez) morando no porão, Joy é uma mulher esgotada. A gota d’água é quando o pai (Robert DeNiro) é “devolvido” pela terceira esposa e precisa se abrigar na casa da filha, dividindo o porão com o ex-genro. Com mais uma responsabilidade somada à sua longa lista, Joy ganha o impulso necessário para sair da letargia – ou afundará de vez.
A virada em sua trajetória começa com um acidente corriqueiro, típico da vida de dona de casa. Munida da ideia de um novo utensílio que facilitaria a sua vida e a de outras mulheres, a jovem inicia uma cruzada com o objetivo de projetar, fabricar e comercializar o objeto. Cabe a Neil Walker (Bradley Cooper), diretor de um programa de TV, abrir as portas para o empreendimento. Aliás, é na presença de Cooper, sempre brilhante em cena, que acontecem alguns dos melhores momentos do filme.
A produção, inicialmente planejada como uma cinebiografia de Joy Mangano, mudou de rumo quando David O. Russell assumiu a direção. Descartando o roteiro original, ele escreveu uma nova história que, aproveitando momentos da vida da empresária, se tornou um conto de inspiração. Ao longo das duas horas de exibição, acompanhamos a perseverante jornada de Joy entre patentes e financiamentos, vendas astronômicas e dívidas idem, em momentos de choro, riso, nervosismo e uma incansável torcida pelo seu sucesso.
Com O Lado Bom da Vida (2012) e Trapaça (2013), O. Russell repetiu um feito que não era realizado há mais de três décadas: desde Reds (1981), nenhum filme conseguira indicações nas quatro categorias de atuação do Oscar (Melhor Ator, Atriz, Ator Coadjuvante e Atriz Coadjuvante) – além de concorrer aos prêmios de Melhor Filme, Direção e Roteiro. Embora dotado de um elenco estelar, Joy não alcançou o mesmo resultado: a única a ser lembrada pela Academia neste ano foi Jennifer Lawrence, que concorre pela quarta vez à estatueta em sua terceira parceria com o diretor. Em uma atuação aclamada – embora alguns críticos apontem a intérprete como “jovem demais para o papel” –, a vencedora do Globo de Ouro de Melhor Atriz de Comédia ou Musical se entrega por completo à personagem: assim como Joy, Lawrence se reinventa, encara um papel completamente novo em seu currículo e não deixa dúvidas de que, aos 25 anos, ainda tem um mundo a conquistar.
Veja o trailer: