A nova comédia de Sean Anders, Pai em Dose Dupla, parte de um ponto bem pertinente: nem todo homem nasce para ser pai (assim como nem toda mulher nasce para ser mãe). Quem enuncia este pensamento, logo nos primeiros momentos do longa, é o amoroso Brad (Will Ferrell) – um homem que, apesar do desejo intenso de fazer parte do grupo dos (bons) pais, é estéril. Recém-casado com Sara (Linda Cardellini), o executivo vive para um único objetivo: ser um bom marido e um bom padrasto para os filhos da esposa. Caminhando a passos lerdos para vencer a apatia das crianças, Brad está finalmente conseguindo se aproximar dos enteados quando é surpreendido pela aparição do trapaceiro Dusty (Mark Wahlberg), pai biológico dos meninos. O motoqueiro, que desfruta de uma vida alucinada e sem rédeas, volta para reconquistar a família que julga ser sua por direito.
Apesar da história previsível e das muitas cenas clichês, a parceria entre Ferrell e Wahlberg funciona: a interação entre os dois consegue arrancar risos até dos mais indiferentes ao gênero. Em cena, o astro de Ted (2012) empresta o toque preciso para fugir à comédia pastelão, enquanto Ferrell assume a veia cômica mais "tradicional" do filme.
A indústria das comédias "para toda a família" já foi um importante filão, mas há tempos vem sendo relegada ao segundo escalão de Hollywood. A vertente, que tem encontrado dificuldades em se reinventar, perdeu a mão desde as produções familiares clássicas dos anos 80 e 90, como Querida, Encolhi as Crianças (1989) ou Uma Babá Quase Perfeita (1993).
Comparado às produções cômicas mais recentes, porém, o produto final de Anders é um filme acima da média. Com resultados melhores que os do trabalho anterior do diretor, Este é Meu Garoto (2012), Pai em Dose Dupla, que estreia nesta quinta-feira (28), pode não ser brilhante, mas ao menos não passa vergonha no infértil terreno do cenário cômico atual.
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