A discussão sobre racismo no prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas atingiu essa edição como nenhuma outra. E a Academia não deixou barato e achou até um comediante afrodescendente para fazer sua defesa durante a cerimônia do Oscar 2016. Chris Rock começou fazendo piada com o Oscar 'branco', mas, à medida que esticava sua piada única, ficava cada vez mais evidente que o objetivo era livrar o cinemão - a indústria, a Academia de Hollywood - da acusação de racismo. Durante toda a cerimônia, o comediante fez diversas piadas para denunciar a desigualdade racial não apenas no Oscar, mas na indústria do entretenimento em geral.
Leia Também
"Estou aqui para apresentar o Oscar, também conhecido como prêmio das pessoas brancas." E mais - "Uau, estou vendo 15 negros trabalhando ali atrás". Adiante, ele fez a ressalva - "Existem, sim, negros nos filmes concorrentes". Entraram as imagens de Joy, de David O. Russell. Jennifer Lawrence empacada diante da câmera, na cena do estúdio. Whoopi Goldberg, como a encarregada da limpeza, deixa a vassoura de lado e empurra a garota branca - "C’mon, girl, uma black woman já teria dito seu texto".
''Perdido em Marte - quanto custaria salvar um astronauta negro? Valeria a pena?''. Não foram piadas de muito bom gosto, mas, mesmo tentando livrar a cara da Academia, Chris Rock insistiu na posição periférica dos negros na premiação deste ano. “Queremos oportunidade. Queremos que os atores negros tenham as mesmas oportunidades que os brancos”, afirmou Rock.
“Neste ano, as coisas vão ser diferentes. No segmento In Memorian só aparecerão pessoas negras baleadas por policiais”, disse lembrando dos casos recentes de negros assassinados por policiais nos EUA. Em outro momento, deu uma alfinetada pesada na academia: “Hollywood é uma irmandade universitária racista”. Em seguida, ele falou sobre a escolha dele para o papel de apresentador. “Se indicassem também os apresentadores, eu não conseguiria este trabalho. Agora vocês estariam vendo Neil Patrick Harris”.
