CINEMA

O Longa O Tigre e Dragão: A Espada do Destino, da Netflix, não agrada aos fãs do primeiro filme

Os filmes tem semelhanças, mas diferem no tom

Ernesto Barros
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Ernesto Barros
Publicado em 12/03/2016 às 5:35
Rico Torres-Netflix/Divulgação
Os filmes tem semelhanças, mas diferem no tom - FOTO: Rico Torres-Netflix/Divulgação
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Há cerca de 15 dias na programação da Netflix, o longa O Tigre e o Dragão: A Espada do Destino vem dividindo as opiniões dos telespectadores brasileiros do serviço de streaming. De um lado, os fervorosos fãs de O Tigre e o Dragão (2000), de Ang Lee, que não aprovam a continuação da Netflix, e fazem questão de comentar os seus defeitos.

Para eles, o vencedor de quatro Oscars e recordista de bilheteria nos Estados Unidos – para um filme falado em língua estrangeira – deveria ter uma sequência à altura. Do outro lado, os assinantes do serviço que deram nota 4 estrelas e meia ao novo longa e curtem o que ele tem de mais evidente – o acabamento visual e as cenas de lutas, a marca registrada do veterano diretor Woo-Ping Yuen.

Essa divisão aponta para duas visões de cinema. Os que defendem o primeiro filme acreditam que a visão de Ang Lee tem um fundo filosófico, personagens trágicos e cenas de ação marcantes. Em contrapartida, o outro grupo parece mais à vontade com a narrativa focada nas cenas de ação, nos efeitos especiais e nos personagens mais engraçados do novo longa.

Enfim, os dois filmes têm suas semelhanças estéticas e pertencem ao mesmo universo, mas cada um tem seu tom particular. Na verdade, o estilo de Woo-Ping Yuen faz parte da corrente comum dos filmes de artes marciais de Hong Kong, enquanto o de Ang Lee é uma versão turbinada para consumo de uma plateia mundial, desacostumada com um cinema extremamente popular e que nunca precisou da chancela de Hollywood para fazer sucesso ou ser considerado artisticamente relevante.

Enquanto Ang Lee demora 20 minutos para apresentar três personagens e mostrar sua primeira cena de ação, Woo-Ping Yuen não precisa nem de cinco para colocar a heroína Yu Shu Lien (Michelle Yeoh), a única personagem comum aos dois filmes, em movimento, quando ela rechaça o ataque de um grupo de homens mascarados. Um pouco antes, Shu Lien nos avisa que se passaram 18 anos desde a morte de Li Mu Bai (Chow Yun-Fat), o guerreiro que ela amava e que passou a vida indeciso entre o dever e a paixão.

Assim com o filme anterior, que faz parte de uma pentalogia literária, escrita por Du Lu Wang, o clã Caminho de Ferro, ao qual Shu Lien faz parte, é acossado por Hades Dai (Jason Scott Lee), o chefe do Mundo Marcial. A luta pelo poder é simbolizada pela mitológica espada de 500 anos, a Destino Verde, que parece fascinar a todos, como o famoso anel da obra J.R.R. Tolkien.

Embora o roteiro de John Fusco não seja tão bem lapidado, ele traz um personagem que amarra pelo menos uma ponta solta entre os dois filmes, quando o passado de Shu Lien volta à tona e por algum momento O Tigre e o Dragão: A Espada do Destino ganha um pouco de peso. No entanto, não é o drama que conduz a sua narrativa, mas a ação, principalmente depois que Shu Lien recebe o apoio de alguns guerreiros que se juntam à sua causa, liderada pelo misterioso Lobo Silencioso (Donnie Yen).

Se não fosse prejudicado pelo excesso de efeitos gerados por computador e outras concessões, como ser falado em inglês, é bem provável que o filme alcançasse um equilíbrio desejável. Mas, em tempos de plataformas tão variadas, se já não é fácil agradar a chineses e americanos, imagine a gregos e troianos.

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