A morte do diretor argentino Hector Babenco nesta quinta-feira (14) deixa uma grande lacuna para o cinema, não só brasileiro, quanto mundial. O artista, que trabalhou com grandes atores brasileiros e até internacionais, eterniza em seu currículo boas histórias dramáticas, que sempre levaram o telespectador a refletir diante das telonas. Confira agora os longas da trajetória do diretor:
O Rei da Noite (1975)
É o primeiro longa que Hector Babenco assina a direção, e escreveu o roteiro junto com Orlando Senna. Tinha como protagonistas os atores Paulo José e Marília Pêra. O drama se passa nos anos 40 de São Paulo. Na sinopse, Tertuliano, conhecido como Tezinho, termina o noivado com Aninha, que tem um sopro no coração. Tezinho passa a freqüentar a vida boêmia, mantendo violento caso de amor com Pupi, cantora de cabaré, que o sustenta, e se torna o rei da noite. Rendeu o prêmio de Melhor Ator a Paulo José no Festival de Brasília de 1976.
Lúcio Flávio, o passageiro da agonia (1977)
Mais um drama de Babenco, mas desta vez, tinha caráter biográfico. No elenco, nomes de destaque como Reginaldo Faria, Ana Maria Magalhães e Milton Gonçalves. A história é ambientada nos anos 60, quando surge uma organização, batizada pela crônica policial brasileira como Esquadrão da Morte, que passa a combater o crime à margem da lei. Rendeu o prêmio de Melhor Ator para Reginaldo Faria nos festivais de Gramado e de Taormina, na Itália. E de Melhor Filme pelo Júri Popular da Mostra de Cinema de São Paulo.
Pixote, a lei do mais fraco (1981)
Babenco assina a direção, integra a produção e escreveu o roteiro em parceria com Jorge Duran. Integrava o elenco atores como Fernando Ramos da Silva, Marília Pêra, Rubem de Falco, Elke Maravilha, Tony Tornado e Beatriz Segall. Na sinopse, Pixote foi abandonado por seus pais e rouba para viver nas ruas. Internado em reformatórios, conviveu com todo o tipo de criminoso e jovens delinquentes que seguem o mesmo caminho. Ele sobrevive se tornando um pequeno traficante de drogas, cafetão e assassino, mesmo tendo apenas onze anos.
O beijo da mulher-aranha (1986)
Mais um drama de Babenco que tinha William Hurt, Raul Julia e Sonia Braga como protagonistas. O filme foi gravado no Brasil e Estados Unidos. O longa deu a William Hurt o Oscar de Melhor Ator, além de vencer a mesma categoria no Festival de Cannes. Nem Hurt e Raul Julia cobraram para trabalhar no filme. A história se passa numa prisão na América do Sul, onde dois prisioneiros dividem a mesma cela. Um é homossexual e está preso por comportamento imoral e o outro é um prisioneiro político. O primeiro, para fugir da triste realidade que o cerca, inventa filmes cheios de mistério e romance, mas o outro tenta se manter o mais politizado possível em relação ao momento que vive. Mas esta convivência faz com que os dois homens se compreendam e se respeitem.
Ironweed (1987)
Filme que trazia em seu elenco nomes como Jack Nicholson e Meryl Streep e foi gravado nos Estados Unidos. A sinopse traz um homem destruído pela morte do filho e sua companheira, uma cantora e pianista, vagam sem esperança, sem lar e sem dinheiro. Alcóolatras, vão para a cidade onde seu filho morreu vinte e dois anos antes, e convivem com outros andarilhos nos anos da Depressão. Tanto Nicholson quanto Streep foram indicados ao Oscar por suas interpretações.
Brincando nos Campos do Senhor (1990)
Mais um filme gravado fazendo a ponte Brasil-Estados Unidos. Babenco dirigiu e assina o roteiro junto com Jean Claude-Carriére. O longa é baseado no livro homônimo de Peter Matthiessen e no elenco traz Aidan Quinn, Tom Berenger, Daryl Hannah e John Lithgow. Conta a história de um casal de evangélicos que se embrenha na selva amazônica brasileira para catequizar índios ainda arredios à noção de Deus. As intenções religiosas e a harmonia entre brancos e índios no local tornam-se instáveis com a presença de um mercenário descendente de índios americanos.
Coração iluminado (1998)
Longa gravado no Brasil, Argentina e França com Miguel Angel Solá, Maria Luísa Mendonça, Walter Queiroz e Xuxa Lopes no elenco. Na sinopse, traz um amor interrompido pela suposta morte da amante, que vem à tona novamente quando Juan retorna ao lugar onde a paixão por Ana se iniciara. Lá chegando descobre que Ana está viva e casada, vai ao encontro e no caminho conhece Lilith, aumentando assim ainda mais a lembrança da paixão antiga.
Carandiru (2003)
Talvez o filme mais conhecido do grande público, traz no elenco Luiz Carlos Vasconcelos, Milton Gonçalves, Maria Luísa Mendonça, Rodrigo Santoro e Lázaro Ramos. Baseado no livro do médico Drauzio Varella, o longa conta a história de um médico que se oferece para realizar um trabalho de prevenção a AIDS no maior presídio da América Latina, o Carandiru. Lá ele convive com a realidade dos cárceres, que inclui violência, superlotação das celas e instalações precárias. A obra originou uma série para TV – Carandiru, Outras Histórias – com 10 episódios, exibida na Globo em 2005, com direção geral do próprio Babenco.
O passado (2007)
Gravado no Brasil e na Argentina, o destaque fica por conta de Gael Garcia Bernal no elenco. Na sinopse, conhecemos o enredo de Rimini e Sofia, dois adolescentes que se casam, ficam juntos por 12 anos e resolvem se separar. A partir daí, Rimini tenta recomeçar sua vida, mas a presença constante de Sofia irá provocar pequenas tragédias. Baseado no romance homônimo de Alan Pauls.
Meu amigo hindu (2016)
O filme, assumidamente autobiográfico, traz como protagonista um diretor de cinema chamado Diego (Willem Dafoe), enfrentando um câncer linfático – tal qual Hector Babenco, nos anos de 1990. Quando confrontado pela Morte (Selton Mello), ele expressa apenas um desejo: realizar mais um filme. Já o título vem da referência a um garoto indiano que conhece nos EUA, também passando por um tratamento, e juntos encontram uma saída lúdica para enfrentar a doença.
