CRÍTICA

Esquadrão Suicida: um filme de heróis com asterisco

A aposta da Warner/DC em supergrupo de vilões rende um filme que tropeça nas própria expectativa

JC Online
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Publicado em 04/08/2016 às 5:17
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A aposta da Warner/DC em supergrupo de vilões rende um filme que tropeça nas própria expectativa - FOTO: Divulgação
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Já faz algum tempo que Hollywood entendeu que precisa mais do que heróis e mocinhos. Os tons de cinza podem ser muito interessantes em uma boa história, e um protagonista que flerta com as trevas e sai dela mais determinado é um clichê que funciona. Não por acaso, a trilogia de Christopher Nolan com o Batman, por seu sucesso comercial e crítico, se tornou o parâmetro e a maldição da DC Comics e da Warner no cinema: um super-herói sombrio, que questiona a utilidade do próprio trabalho e métodos, mas sempre retorna ao caminho virtuoso.

A grande aposta da Warner/DC depois do fracasso de Batman vs. Superman, Esquadrão Suicida sofre com um problema insolúvel: a expectativa criada pelos seus produtores e publicitários. Poucos filmes do gênero sobreviveriam à responsabilidade de ser essa narrativa definitiva no cinema (os dois nomes mais famosos dos quadrinhos não conseguiram); o grupo de supervilões, no entanto, passa ainda mais longe de atingir o feito.

O filme de David Ayer traz uma constelação de vilões – Pistoleiro (Will Smith), Arlequina (Maggot Robbie, que constrói a melhor personagem), Magia (Cara Delevingne), Capitão Bumerangue (Jai Courtney), Crocodilo (Adewale Akinnuoye-Agbaje), El Diablo (Jay Hernandez) e Katana (Karen Fukuhara) – convencidos, a duras penas, pela intimadora Amanda Waller (Viola Davis, talvez a melhor vilã de todo o filme) a aceitaram uma missão impensável: fazer o bem e tentar enfrentar uma ameaça ao planeta. Para dar alguma honra aos sete anti-heróis, o grupo é acompanhado pelo “soldado” Rick Flag (Joel Kinnaman).

Com tantos personagem, a maioria desconhecida do grande público, o filme tem a missão de apresentá-los todos e ainda criar uma história – até por isso, o começo parece todo recortado e excessivamente didático. Como narrativa, Esquadrão Suicida é uma espécie de filme de máfia com vilões, com a difícil missão de achar alguma virtude em assassinos de aluguel, canibais, loucos e trapaceiros – e, depois, procurar alguém pior que eles para ser combatido.

Além disso, estão lá as muitas aparições marcantes do Coringa (Jared Leto), namorado da Arlequina, que de certa forma rouba a cena, mesmo oscilando entre a insanidade e um exagero em parte tedioso. Outros elementos dos próximos filmes da DC aparecem de relance – incluindo a cena pós-créditos.

Menos perturbador do que o primeiro trailer prometia, o filme tem alguns bons momentos de humor. Isso claro, tem consequências: com o sombrio de lado, transforma os vilões em simples anti-heróis, heróis com um asterisco ao lado. Quem procura algumas cenas de ação com breve tiradas pode até esquecer os problemas de roteiro, mas Esquadrão Suicida, ao invés de explorar o seu potencial subversivo, tropeça na própria obrigação de ser o carro-chefe do universo DC Comics.

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