FESTIVAL

Martírio comove em sessão no Festival de Brasília

Documentário de Vincent Carelli conta história trágica dos índios Guarani Kaiowá

Ernesto Barros
Cadastrado por
Ernesto Barros
Publicado em 24/09/2016 às 14:58
Ernesto de Carvalho/Divulgação
Documentário de Vincent Carelli conta história trágica dos índios Guarani Kaiowá - FOTO: Ernesto de Carvalho/Divulgação
Leitura:

Cineastas e espectadores que cobrem o Festival de Brasília há várias décadas foram unânimes em afirmar que a sessão do documentário Martírio, de Vincent Carelli, o único longa pernambucano da Mostra de Competitiva, já entrou para a história. Em pelo menos quatro momentos, o público que lotou o Cine Brasília, na quinta-feira (22) à noite, aplaudiu o filme em cena aberta. Durante os créditos finais, os aplausos duraram cerca de cinco minutos.

A emoção e indignação marcaram a projeção de Martírio, que também teve a maior concentração de "fora, Temer" do festival até agora. Não era para menos. O filme conta a história de um século de luta do povo Guarani Kaiowá pela volta das terras expropriadas pelo governo e fazendeiros no Mato Grosso do Sul. Em duas horas e 40 minutos, o cineasta e indigenista mostra, a partir do ponto de vista de quem foi testemunha ocular da história, o massacre e os crimes cometidos contra os índios ao longo dos anos.

Martírio teve suas primeiras imagens gravadas em 1988, na primeira viagem de Carelli ao Mato Grosso do Sul. Na época, ele não sabia o que os índios falavam. Ele voltou à região em 2011 e recomeçou a seguir de perto a luta dos Guarani Kaiowá. Uma vez, durante despedida da aldeia, os índios fizeram Carelli ir às lágrimas com suas noções de humanidade. Com acesso a imagens raríssimas, Carelli desconstrói a política indigenista do governo brasileiro das ações do Marechal Rondon aos dias de hoje. O filme é tão potente e necessário que deveria ser exibido no Congresso Nacional, onde muitos dos inimigos dos índios fazem de tudo para que eles desapareçam do lugar onde estavam antes de todos os brasileiros.

BAILE PERFUMADO

A homenagem a Baile Perfumado, que será exibido no encerramento do festival, terça-feira, começa hoje com o lançamento do livro A Aventura do Baile Perfumado: Vinte Anos Depois, organizado por Paulo Cunha e Amanda Mansur e editado pela Cepe. O livro traz detalhes inéditos do filme, além do roteiro original, cronogramas de produção, aquarelas da cenografia e textos inéditos, entre eles um assinado do historiador Frederico Pernambucano de Mello sobre como se deu o encontro de Baile Perfumado com as sagas de Benjamin Abrahão e Virgulino Ferreira.

O repórter viajou a convite da organização do festival.

Últimas notícias