RESENHA

O vale-tudo de Halder Gomes em 'O Shaolin do Sertão'

Filme é o segundo de uma "tríade metalinguística e involuntária" sobre a paixão do diretor pelo cinema

NATHÁLIA PEREIRA
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NATHÁLIA PEREIRA
Publicado em 19/10/2016 às 8:44
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Filme é o segundo de uma "tríade metalinguística e involuntária" sobre a paixão do diretor pelo cinema - FOTO: Foto: Divulgação
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Um padeiro, morador de uma cidade no interior do Ceará e apaixonado por filmes de artes marciais. Sobre o sonho de Aluísio Li (Edmilson Filho) de se tornar um exímio lutador é que o diretor Halder Gomes (de Cine Holliúdy) constrói a trama da comédia O Shaolin do Sertão, segundo longa de sua carreira que chega hoje aos cinemas, lotado de referências e homenagens. Filho único de uma mãe cuidadosa, Aluísio é aficcionado pelos golpes certeiros das aventuras de Jack Chan, Bruce Lee e companhia, e crê fielmente que nasceu para ser um campeão como eles. Só que o cotidiano do cearense está bem distante das vitórias dos ídolos e resume-se, basicamente, a ser chacota dos vizinhos e a suspirar por Anésia Shirley (Bruna Hamú), a mocinha que namora um galã (Marcos Veras).

É quando a cidade em que mora está prestes a receber a visita de Tony Tora Pleura (Fábio Goulart), o mais temido entre os lutadores de vale-tudo da região, que Aluísio vê a chance de, enfrentando-o, finalmente ganhar o respeito dos conterrâneos e se tornar um Shaolin de verdade. Inocente e de bom coração, o “doidin” passa por poucas e boas durante a investida, sempre na companhia de Piolho (Igor Jansen, muito bem em sua estreia), o pequeno amigo de 11 anos que compartilha com ele a mesma inocência em relação ao mundo.

Rodado em Quixadá e Fortaleza, O Shaolin... ganha pontos na trilha sonora e na fotografia, que mescla características dos filmes western e das películas da década de 1970. A locação no interior entra em maior destaque nas cenas em que Aluísio vai em busca do tão aguardado mestre que poderá treiná-lo para enfrentar o Tora Pleura. As externas põem luz sobre os tons terrosos do sertão, tão protagonista quanto Aluísio da ode promovida pelo diretor às suas referências, divididas entre memórias pessoais e influências dos filmes de luta dos quais é fã declarado.

Leia entrevista com Halder Gomes

O longa estreia hoje em circuito nacional, mas chegou uma semana antes aos cinemas conterrâneos. Mais de 20 mil cearenses assistiram ao longa somente no primeiro fim de semana, sintomatizando uma possível repetição do recorde batido pelo primogênito de Gomes – lançado em 2013, Cine Holliúdy tem a maior bilheteria já registrada nos cinemas do Ceará, superando fenômenos como Titanic.

Adotada no primeiro como estratégia mercadológica para evitar um possível prejuízo, a opção da estreia antecipada agora é um agradecimento ao público que primeiro abraçou o cinema do diretor. Em 2017, Halder fecha a trilogia dos longas de estreia, com Cine Holliúdy 2.

PARCERIA

O Shaolin do Sertão é mais uma parceria bem sucedida entre Halder Gomes e o ator Edmilson Filho. Em entrevista ao Jornal do Commercio, o intérprete de Aluísio, contou que emagreceu 13 kg para o filme, no qual foi responsável também por coreografar as cenas de luta. “É uma história que tem levado gerações de famílias ao cinema pra assistir a vitória do “doidin” porque é ótimo nisso. É colorida, com trilha sonora fantástica. E tem a linguagem do povo cearense, a cara do interior, com toda a lembrança que vai do clássico Dragão Branco a Kung Fu Panda”, contou ele.

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