Cinema

Crítica: 'Um Tio Quase Perfeito' é uma comédia para toda a família

'Um Tio Quase Perfeito' apresenta características de family film norte-americano, com uma harmonia humorística tão eminente que mais parece improviso

JEFFERSON SOUSA
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JEFFERSON SOUSA
Publicado em 15/06/2017 às 17:40
Foto: H2O Filmes/ Divulgação
'Um Tio Quase Perfeito' apresenta características de family film norte-americano, com uma harmonia humorística tão eminente que mais parece improviso - FOTO: Foto: H2O Filmes/ Divulgação
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Abrindo a todo vapor a temporada de férias escolares, Um Tio Quase Perfeito traz para as telonas diversão e emoção para toda a família. Estrelado pelo comediante Marcus Majella, que estreia como protagonista no cinema, a produção apresenta características de family film norte-americano, com uma harmonia humorística tão eminente que mais parece improviso.

Na trama

Na trama, Majella vive Tony, um trambiqueiro que, com a ajuda da sua mãe Cecília – interpretada por Ana Lucia Torre –, passa a maioria do seu tempo se disfarçando de diversos artistas de rua para ganhar dinheiro fácil, seja como estátua viva, pastor religioso, ou cartomante. Porém, logo no início do filme, mãe e filho são despejados de seu apartamento, partindo em procura de Angela, a outra filha de Cecília com quem eles não falam há anos por conflitos pessoais. Estando para sair em uma viagem urgente de trabalho, Angela cai na lábia dos dois que se oferecem para cuidar dos seus três filhos. A partir daí, acompanhamos o atrapalhado tio Tony tendo que mudar seus hábitos ao tentar cuidar de crianças com diferentes idade e problemas.

Por mais que o roteiro se passe em um âmbito previsível, e até criando essa sensação na primeira leitura e na vista dos 15 primeiros minutos da narrativa, a trama surpreende ao construir uma comédia sem exageros que, além de provocar boas risadas, consegue deixar um espaço que é agradavelmente preenchido por um drama pontual e suave.

Ao tratar do elenco infantil, merece destaque o diretor do filme, Pedro Antônio, que fez um elogiável trabalho de seleção de atores, pois, todos os personagens do trio dos pequenos são muito bem definidos e engrandecem a história com a mesma qualidade dos adultos. Valentina, interpretada por Sofia Barros de apenas 6 anos, é a caçula e passa boa parte da trama ao lado de sua iguana de estimação. A princípio, segundo fala do próprio diretor, a personagem Valentina teria pouquíssimas falas, mas, com o desempenho de Sofia, a produção decidiu abrir mais espaço para a atriz mirim, que passou a tomar muitas das cenas com seu talento. João Barreto interpreta João, e Julia Svacinna vive Patricia. Ele é uma criança incompreendida com inspirações artísticas e dificuldades para se concentrar, ela, a mais velha, incorpora o perfil de alguém mais duro por conta da responsabilidade de ajudar os irmãos mais novos e ainda enfrentar os desafios pessoais na escola.

A graça original da comédia aparece na mesma linha que os trechos emotivos: na quebra do convencional. Tony é um malandro, mas não apresenta traços de vilão, ele é apenas um bobalhão que sempre empurrou tudo com a barriga e agora precisa ter responsabilidades, além de tentar conquistar o carinho de seus sobrinhos.

Assim, começa a existir um diálogo natural entre o humor e o drama, mas sem se afastar demasiadamente da comédia: por exemplo, em uma das cenas, Tony tem um momento afetuoso com outro personagem adulto, com direito a trilha sonora melodramática e luzes de fundo escurecidas, só que, no meio do discurso, o protagonista faz um comentário não convencional, provocando uma risada em ambos os personagens que contagia o espectador.

Assim como fez em Tô Ryca, Pedro Antonio dirigiu um filme para o grande público, que vai ao cinema à procura de entretenimento, mas fez isso mantendo o cuidado de possibilitar a devida abertura para que os seus atores/comediantes pudessem expor aptidões e particularidades, como fez, sem decepcionar, Majella.

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