Ela nasceu no teatro, ganhou a TV e agora chega às telas do cinema com destino ao planeta Marte. Tudo culpa de sua criadora, a atriz pernambucana Fabiana Karla. A artista de 42 anos, e quase 30 de carreira, vive a emoção de levar sua personagem obra-prima para explorar mundos desconhecidos no longa Lucicreide Vai Pra Marte, dirigido pelo conterrâneo Rodrigo César.
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E mesmo que a atriz tenha uma longa relação de intimidade com a personagem, ela ainda é capaz de desafiá-la. “Eu gosto de estar arrumadinha, cheirosinha, limpinha. Mas faz parte deixar a cara limpa porque é uma característica das mulheres nordestinas, que são lutadoras, que tem esse sol em cima, essa vivência sofrida, e eu não podia tirar isso da personagem”, contou Fabiana ao Jornal do Commercio nos bastidores de uma das gravações aqui no Recife. E completa: “É uma transformação, não deixa de ser. Toda personagem que passa por nós, nos transforma de alguma forma. E acho que a Lucicreide está tão junta de mim dessa vez, tão mais próxima, que está transformando a Fabiana um pouco em alguns aspectos”.
A recifense lembra com carinho de como surgiu sua mais representativa criatura. “Ela nasceu comigo quando eu tinha 15 anos e ganhei um prêmio de Melhor Atriz no Teatro Barreto Júnior com esse personagem. Depois consegui levá-la para a TV, e aos 42 anos eu estou levando ela para a tela grande com essa galera, que está juntando energias comigo, pensando nisso juntos. Isso é um presente, uma alegria”, conta orgulhosa.
É a terceira plataforma que Fabiana Karla explora sua Lucicreide. E ela tem ciência de que cada uma tem sua particularidade: “No teatro ela é bem humana, numa forma mais expansiva. Na TV ela teve outra roupagem, inclusive de figurino, visual, para ficar mais universal. Agora, para o cinema, mais ainda! Estamos tendo ajuda de toda uma equipe para contar a história de uma Lucicreide que tenha suas raízes, mas se aprimorou para ser mais real na telona e não ficar fake, mantendo a essência que ela ganhou na TV e no teatro”.
O cuidado com sua personagem mais preciosa nas telonas veio de todas as vertentes. Desde o figurino até o comportamento dela em cena. “Todo esse cuidado (com o figurino) a gente teve para deixar real até para mim, porque o cinema tem outro processo. Se você passar numa cantina italiana e vê uma toalha de mesa de xadrez, você lembra de Lucicreide. Mas no filme, por exemplo, tem uma cena que eu fiz em que ela vestiu uma saia de helanca e uma camisa de vereador. É uma realidade da personagem”, observa.
“Nas cenas, dá vontade de dizer umas coisas, e não podia porque o personagem não cabe, por mais que ela seja raivosa. Eu sempre comparo ela muito com o Chaves, sem pretensões. E nós tiramos algumas coisas porque se faz necessário, mas detalhes como tirar o lencinho da Lucicreide, por exemplo, é como tirar o chapéu do Chaves. Aquilo é a máscara dela”, explica.
Para Fabiana Karla, Lucicreide Vai Pra Marte só está dando certo porque ela confia na sua equipe, onde mais que atriz, ainda é produtora e colaborou no roteiro do filme: “Eu peguei uma galera muito massa, muito parceira para me ajudar com a Lucicreide. Esse personagem existe há muito tempo, é o meu bem precioso. E se eu entregasse na mão de pessoas que não soubessem agir com ela com o mesmo carinho, dadas às reservas, o entendimento, não teria o mesmo resultado”.
DESAFIOS
Repleto de ousadia, o longa tem o maior orçamento da Ancine disponibilizado para uma produção fora do eixo Rio-São Paulo, trazendo pernambucanos na frente e, principalmente atrás das câmeras. A obra está na fase final de gravações no Brasil e em breve, partem para Orlando, onde filmam no Kennedy Space Center, o parque da Nasa nos Estados Unidos.
O roteiro é uma comédia, mas para Fabiana Karla, será uma grande homenagem. “Esse filme é dedicado a todas as pessoas que amam uma Lucicreide na vida, pois todas já tiveram uma Lucicreide nas suas casas. Pode procurar à sua volta que você vai achar uma”, conclui a atriz, bastante emocionada.
