CINEMA

Em entressafra, cinema pernambucano aponta para biênio promissor

São 60 longas-metragens engatilhados:para 2018/19, alguns prontos, outros em finalização e muitos em pré-produção

Ernesto Barros
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Ernesto Barros
Publicado em 27/12/2017 às 17:16
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São 60 longas-metragens engatilhados:para 2018/19, alguns prontos, outros em finalização e muitos em pré-produção - FOTO: Imovision/Divulgação
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Adeus, 2017. Já vai tarde! O que ano que está passando não será lembrado como um dos melhores para o cinema brasileiro pós-retomada, que vinha numa onda de crescimento ininterrupto desde 2008. Embora ainda não tenha terminado, os números indicam – até a primeira semana do mês, de acordo com o Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual – OCA, da Ancine – que, em relação a 2016, houve uma queda de 5% do público, com um percentual acumulado apenas de 9,2% (15.424.777, de um total de 167.452.100).

Com apenas dois filmes com vendas de ingressos acima de um milhão de espectadores – o terceiro, que estreou no final de 2016, é o imbatível Minha Mãe é uma Peça 2, com 5.213.153 pagantes, o 9º longa-metragem mais visto do ano até agora –, as produções médias e de baixo orçamento ficaram no limbo. O reflexo espalhou-se por todas as regiões e estados. No caso do cinema pernambucano, também faltou um filme que ganhasse a atenção do público, como Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, no ano passado.

Por outro lado, não há como lamentar o ano para o cinema local. Não houve sobressaltos em termos de lançamentos e continuidade de produção, apesar de que possa ser visto como um período de entressafra, porque a leva que está no forno e deve desovar ao longo de 2018, ao lado de outros filmes já finalizados em 2017, aponta que o próximo biênio pode ser tão bom quanto o de 2012/13, considerado um ponto de inflexão na recente produção cinematográfica pernambucana.

A média de filmes que estão sendo lançados comercialmente nos último três anos tem se mantido, mas a tendência é aumentar. Em 2017, o cinema pernambucano também será lembrado pela polêmica envolvendo o documentário O Jardim das Aflições, de Josias Teófilo. Odiado por uns e amado por outros, o filme sobre o pensamento do filósofo conservador Olavo de Carvalho ganhou o Calunga de Melhor Filme do Cine PE: Festival do Audiovisual. Devido ao protesto de um grupo de cineastas contra o documentário, o festival teve que ser adiado (na verdade, foi o segundo adiantamento do Cine PE no ano; o primeiro aconteceu devido a não liberação de recursos, no inicio de maio).

Independente das ressalvas que se tenham contra O Jardim das Aflições, seria bom que pelo menos seu modelo de produção deixasse uma lição. Sem apoio de editais, o filme foi produzido com a arrecadação de fundos pelo modelo de crowdfunding. É verdade que não é todo dia que uma personalidade polêmica vem à tona e galvaniza tanta gente, entretanto, esse é um tipo de possibilidade que não deve ser deixada de lado. Seja um tema ou personalidade, o filme provou que o espectador não é uma massa totalmente informe - e que se interessa em ver na tela o que defende.

Se 2017 deixou suas lições, é quase certo que 2018 poderá ir mais além. Pelo menos, os dois anos estão começando com algo em comum, com o cinema pernambucano brilhando fora do País. Em fevereiro do ano passado, Joaquim, de Marcelo Gomes, havia começado o ano concorrendo na Competição Oficial do Festival de Berlim. Agora, em janeiro, a partir do dia 25, a história se repete com Azougue Nazaré, o primeiro longa-metragem de Tiago Melo, que concorre na Mostra Bright Future, do Festival de Roterdã, na Holanda.

Aos 33 anos, Tiago, que se iniciou no teatro como produtor e ator, tem uma longa folha de colaboração no cinema pernambucano, como diretor, assistente de direção e diretor de produção, em obras de Kleber Mendonça Filho, Gabriel Mascaro e Daniel Aragão, como também em filmes realizados fora do estado. Em Azougue Nazaré, ele fez os membros do Maracatu Cambinda Brasileira, de Nazaré da Mata, atores de uma trama sobrenatural sobre os caboclos que têm seus corpos tomados um espírito.

Azougue Nazaré puxa uma produção de cerca de 15 longas-metragens que estão prontos para serem lançados nos cinemas, entre eles Açúcar, Amores de Chumbo, A Serpente, Organismo e Saudade, entre vários outros. A eles, outra leva está em finalização e deve ficar pronta para participara dos festivais durante ano, como Piedade, de Cláudio Assis. Nos últimos três meses, o Recife foi palco das filmagens dos novos longas de Marcelo Lordello (Paterno) e Gabriel Mascaro (Obreiro), além dos longas de estreia de Eduardo Morotó (A Morte Habita a Noite) e Adriano Portela (O Recife Assombrado).

Ao longo de 2018, o cinema pernambucano terá a volta de Kleber Mendonça Filho aos sets, em Bacurau, que será filmado no Sertão ao lado de Juliano Dornelles. Paulo Caldas também filma o esperado Sertão Mar. E Leonardo Lacca volta com Sábado Morto, além de Leonardo Sette (Isolar) e Fellipe Fernandes (O Último Quintal).

LONGAS-METRAGENS

Lançamentos em 2017

Todas as Cores da Noite, de Pedro Severien
Martírio, de Vincent Carelli, Ernesto de Carvalho e Tita
Joaquim, de Marcelo Gomes
O Jardim das Aflições, de Josias Teófilo
Animal Político, de Tião
Danado de Bom, de Debby Brennand
On Yoga - Arquitetura da Paz, de Heitor Dhalia
Câmara de Espelhos, de Déa Ferraz
Um Homem Sentado no Corredor, de Felipe André Silva
Aurora 1964, de Diego Di Niglio
Pesado - Que Som é Esse que Vem de Pernambuco, de Leo Crivellare

Previsão em 2018

Açúcar, de Renata Pinheiro
Amores de Chumbo, de Tuca Siqueira
Super Orquestra Arcoverdense de Ritmos Pernambucanos, de Sérgio Oliveira
A Serpente, de Jura Capela
Azougue Nazaré, de Tiago Melo
Modo de Produção, de Andreá Ferraz
O Silêncio da Noite é que Tem Sido Testemunha das Minhas Amarguras, de Petrônio Lorena
Em Nome da América, de Fernando Weller
Por Trás da Linha de Escudos, de Marcelo Pedroso
Camocim, de Quentin Delaroche
Organismo, de Jeorge Pereira
A Palavra, de Guilherme de Ameida Prado
Saudade, de Paulo Caldas
Amigos de Risco, de Daniel Bandeira
Maria Prestes, de Ludmila Curi

Finalização

Amores Líquidos, de Jorane Castro
Beco, de Camilo Cavalcante
Trago Minha Obra, de Ernesto de Carvalho
O Ateliê da Rua do Brum, de Juliano Dornelles
Parquelândia, de Cecília da Fonte
Seu Cavalcante, de Leonardo Lacca
Te Sigo, de Cecília Araújo
A Morte Habita a Noite, de Eduardo Morotó
Mangue Bit, de Jura Capela
Obreiro, de Gabriel Mascaro
King Kong en Asunción, de Camilo Cavalcante
Paterno, de Marcelo Lordello
Piedade, de Cláudio Assis
Borboletas e Sereias, de Bárbara Cunha
Vivo! Na Embolada do Tempo, de Cláudio Assis e Lírio Ferreira
Antonio e Piti, de Vincent Carelli e Wewito Pianko
O Recife Assombrado, de Adriano Portela
Djon África, de Filipa Reis e João Miller
Chico Ventana Também Ter um Submarino, de Alex Piperno
Rojo, de Benjamin Naishtat

Produção

Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles
Acqua Movie, de Lírio Ferreira
A Transformação de Canuto, de Ernesto de Carvalho e Ariel Ortega
Carro Rei, de Renata Pinheiro
Isolar, de Leonardo Sette
Légua Tirana, de Marcos Carvalho
Sertão Mar, de Paulo Caldas
Propriedade Privada, de Daniel Bandeira
Adeus, Capitão, de Vincent Carelli, Ernesto de Carvalho e Tita
Yellow Cake, de Tiago Melo
Fim de Semana no Paraíso Selvagem, de Pedro Severien
Senhoritas, de Mikaela Plotkin
Sábado Morto, de Leonardo Lacca
Pernambucano Renegade, de Marcelo Pedroso
O Pássaro Preto, de Petrônio Lorena
Vago, de Renata Pinheiro
O Último Quintal, de Fellipe Fernandes
Espero que esta te encontre e que estejas bem, de Natara Ney
Destraço e Bendição, de Tiago Torres
Giury, de Mariana Lacerda
Djunuá, de Vincent Carelli
Um Romance Que Ninguém Leu, de Juliano Dornelles
Estrada Irineu Serra, de Tiago Melo e Pedro Sotero
O Amuleto de Ararun, de Tiago Melo
Casa, de Letícia Simões
Grata Garbo, de Armando Praça
Salve o Prazer, de Lírio Ferreira

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