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Os 20 anos de força da guerreira Mulan

Baseada em uma lenda chinesa, animação vai virar filme live-action em 2020

Robson Gomes
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Robson Gomes
Publicado em 08/07/2018 às 5:00
Foto: Disney/Divulgação
Baseada em uma lenda chinesa, animação vai virar filme live-action em 2020 - FOTO: Foto: Disney/Divulgação
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Em julho de 1998, o público brasileiro teve acesso ao 36º filme da Walt Disney Pictures. Seria só mais um desenho animado se não fosse a força que aquela história tinha para contar. Baseado num antigo poema chinês, assim nasceu Mulan, um roteiro escrito a cinco mãos dirigido por Barry Cook e Tony Bancroft.

Na sinopse, conhecemos a jovem Fa Mulan, que encontra uma oportunidade de provar seu valor fora de sua sociedade muito ligada a tradições quando, disfarçada como Ping, assume corajosamente o lugar de seu pai Fa Zu no Exército Imperial e parte com outros recrutas para lutar contra os Hunos, que haviam invadido a China.

Para contar essa história de honra, guerra e superação, foram necessários cinco anos. Entre junho e julho de 1994, um grupo de dez pessoas da Walt Disney Pictures passou três semanas na China para imergir nas referências e buscar elementos para a animação em todos os aspectos: desde o figurino, arquitetura até a geografia do país. Mulan foi o primeiro filme produzido nos estúdios da Flórida.

A lenda original de Hua Mulan (leia na íntegra abaixo) conta a história de uma menina que salva a vida de seu pai ao fazer a coisa certa. E, por pouco, esse elemento não terminou perdido no roteiro final. No começo, criaram uma Mulan revoltada com ela mesma, até que releram o poema base e entenderam que ela era infeliz com a situação de sua família.

“Tentamos fazer um personagem que não personificasse nem o bem nem o mal, mas sim alguém com muitos defeitos, como eu e você. Ela escreve uma cola em seu braço, acorda toda descabelada, como qualquer outra pessoa. Ela tem momentos de insegurança, ela se olha no espelho e não gosta do que vê. É esse tipo de humanidade que faz dela um personagem tão bom”, contou na época Dean DeBlois, um dos colaboradores do roteiro.

Mulan também cativa pela trilha sonora original assinada por Jerry Goldsmith e as cinco canções compostas por Matthew Wilder (música) e David Zippel (letra). Para popularizar o filme pelo mundo, lançado inicialmente em 15 idiomas (incluindo o português brasileiro), algumas faixas foram interpretadas por nomes como Jackie Chan (mandarim), Christina Aguilera, Stevie Wonder (ambos em inglês), Lucero (espanhol) e a dupla Sandy & Junior (português).

A dublagem original de Mulan tinha vozes conhecidas como Eddie Murphy – na pele do divertido dragão Mushu – e o saudoso Pat Morita (imortalizado como o mestre de Karatê Kid) dando vida ao Imperador da China.

Além da eficiência técnica, fruto do trabalho de 700 pessoas entre animadores, técnicos e artistas, Mulan é um filme que apresenta uma personagem central que questionava os padrões da sociedade. “O que vemos é que ela mudou a forma como a sociedade pensava a mulher. Isto fica muito claro na sequência final quando o Imperador curva-se para ela”, contou na época a produtora Pam Coats.

O longa ganhou uma continuação no ano de 2004, mas ela passou longe do sucesso e relevância conquistados pela obra original, que completa 20 anos em 2018. A expectativa agora é pela versão em live-action, confirmada pela Disney, com estreia programada para 27 de março de 2020 nos Estados Unidos. A atriz chinesa Liu Yifei fará a personagem título e Jet Li viverá o Imperador.

LEIA A 'BALADA DE HUA MULAN', QUE ORIGINOU O LONGA*:

Click, click
E click, click, click.

Junto à porta, Mulan tece,
quando, de repente, a lançadeira cessa.
Ouve-se um suspiro cheio de angústia.

Oh, minha filha,
quem está em sua mente?
Oh, minha filha,
quem está no seu coração?

Não há ninguém em minha mente.
Não há ninguém em meu coração.
Mas noite passada li sobre a batalha.
Eram doze pergaminhos.

O Khan sorteará os que irão à guerra.
O nome de meu pai está em todas as contas.

Ah, meu pai não tem um filho crescido.
Ah, Mulan não tem um irmão mais velho.
Mas comprarei uma sela e um cavalo e me unirei ao exército em lugar de meu pai.

No mercado do leste ela compra um corcel.
No mercado do norte ela compra um longo açoite.
No mercado do sul ela compra uma compra uma rédea.

Na alvorada ela se despede da família.
No crepúsculo ela se assenta à beira do Rio Amarelo.

Ela não mais ouve seus pais chamarem.
Sobre seu travesseiro, as águas sussurram.
No crepúsculo ela chega à Montanha Negra.

Ela não mais ouve seus pais chamarem,
mas sim os gemidos dos cavalos tártaros nas montanhas de Yen.

Ela cavalga milhares de quilômetros rumo à guerra que deve honrar.
Ela atravessa altas montanhas como uma águia nas alturas.

Das tempestades no norte, no frio que castiga, ecoa o sino do guarda.
A luz fria e azulada do gelo ilumina sua armadura.

Generais morrem em cem batalhas.
Nosso guerreiro está de volta.
Dez anos voaram.

Em seu retorno,
ela é convocada a ver o Imperador.
No palácio,
ela recebe a mais alta honra.
Ela é promovida ao mais alto cargo.
O Imperador concede centenas de milhares em prêmios.
O Khan pergunta qual é o seu desejo.

Mulan não quer um cargo de ministro.
Mulan não quer nada de extravagante.
Gostaria que me emprestassem um cavalo veloz que me leve de volta à casa.

Quando o pai e a mãe ouvem que ela está chegando
Vão esperar abraçados no portão.
Quando a irmã mais velha a ouve chegando,
ela corre para seu quarto colocar um pouco de rouge.
Quando o irmão mais novo a ouve chegando,
ele afia seu punhal que brilha como luz, e vai preparar porco e cordeiro para o jantar.

Ah, deixem-me abrir a porta para o quarto do leste.
Ah, deixem-me sentar em minha cama para um descanso poente.

Então logo tiro a roupa do guerreiro,
e silenciosamente ponho meu antigo vestido.
Junto à janela penteio meus cabelos.
Em frente ao espelho pinto meu rosto.

E quando saio para encontrar meus companheiros,
eles estão perplexos e emocionados.

Por doze anos lutamos como camaradas.
A Mulan que conhecemos não era uma mulher graciosa.

Dizem que conhecemos uma lebre segurando-a pelas orelhas.
Há sinais para distinguirmos.
Suspenso no ar, o macho chutará e se debaterá,
enquanto as fêmeas ficarão paradas,
os olhos a lacrimejar.

Mas se ambos estão no chão a pular em liberdade singela
quem será tão sábio para dizer
se a lebre é ele ou ela?

*versão divulgada pela Walt Disney Pictures

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