As exibições dos filmes em disputa pelo Leão de Ouro no Festival de Veneza se encerram nesta sexta-feira (7) com um filme pacifista do cineasta japonês Shinya Tsukamoto.
O último dos 21 filmes selecionados para a competição é uma ode pacifista narrada através da crise de um guerreiro samurai no final do século XIX, que rejeita a guerra e a violência.
"A espada do meu samurai representa todas as armas do mundo. Com meu filme, quis expressar minha preocupação com a situação atual. É um grito contra a violência", explicou o diretor, premiado em 2002 em Veneza por "A Snake of june".
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Considerado um dos cineastas mais originais da atualidade, transformando cada filme em uma experiência que não se restringe ao visual, autor entre outros de "Tetsuo - Homem de Ferro" (1989), fascina com a transformação do samurai Tsuzuki e sua recusa em matar.
Intitulado "Zan" (Matar), o filme foi aplaudido desde o início de sua projeção e respeita o ritmo frenético do pai do ciberpunk, dividido entre espetaculares batalhas e preocupações de seu guerreiro frágil e poético.
"A ideia veio a mim quando imaginei a reação de um jovem de nossos dias na época dos samurais. Ele seria capaz de matar sem pensar? Travar um duelo?", contou.
Nesta ocasião, como em outros filmes, o próprio Shinya Tsukamoto assume o papel do samurai Sawamura, que recruta combatentes para a guerra civil que está prestes a explodir no Japão.
O trabalho de Tsukamoto concorre este ano com filmes do gênero western, incluindo o dos talentosos irmãos Coen, "The Ballad of Buster Scruggs", e do francês Jacques Audiard, "The Sisters Brothers", este último também favorito ao Leão de Ouro, de acordo com a classificação de nove críticos italianos.
Cuarón entre os favoritos
A edição de 2018, que termina no sábado com uma cerimônia no Palácio do Cinema, foi marcada por filmes protagonizados por mulheres, fortes e submissas, rebeldes, ou vingativas.
Um único filme em competição é dirigido por uma mulher, a australiana Jennifer Kent, cujo trabalho "The Nightingale" sobre a brutalidade da colonização foi mal recebido pela crítica italiana.
"Um filme muito esquemático", escreveu nesta sexta-feira o crítico do "Corriere della Sera", Paolo Mereghetti.
O drama familiar do mexicano Alfonso Cuarón, "Roma", filmado em preto e branco, sem celebridades, um filme muito pessoal ambientado no México na década de 1970 e inspirado em sua própria família, nos amores e desamores entre funcionários e empregadores, permanece entre os favoritos e é descrito como possível Leão de Ouro.
"Roma" obteve o número máximo de pontos (5) por parte de cinco dos dez críticos internacionais - os outros cinco deram a nota 4,5 - consultados pela "Ciak", a revista oficial da Mostra.
A eventual vitória de Cuarón, vencedor do Oscar de melhor diretor com "Gravidade" (2013), relança o debate sobre o Netflix, gigante audiovisual produtor do filme, e abre caminho para mais um Oscar para o diretor mexicano.
Em espanhol e totalmente produzido por técnicos mexicanos, o filme poderia concorrer como melhor produção de língua não inglesa em Hollywood, prêmio que o mexicano ainda não conquistou.
A América Latina foi bem representada no evento por México e Argentina, dois países com uma forte tradição cinematográfica, competindo na seção oficial com o mexicano Carlos Reygadas, com "Nuestro tiempo", e com o argentino Gonzalo Tobal, com "Acusada".