Efeméride

Mickey Mouse chega aos 90 anos milionário e querido

A persistência de Walt Disney levou o camundongo ao sucesso

JOSÉ TELES
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Publicado em 18/11/2018 às 10:59
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A persistência de Walt Disney levou o camundongo ao sucesso - FOTO: Foto: Divulgação
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“Espero apenas que nunca deixemos de focar numa coisa: que tudo começou com um camundongo”, de Walt Disney citando Mickey Mouse, o ratinho que criou como personagem de desenho animado, início do seu multimilionário império de fantasia. Walt Disney faleceu em 1966, aos 65 anos. Mickey Mouse completa hoje oficialmente 90 anos, contados a partir da estreia, em 18 de novembro de 1928, do filme de animação curtinho, de oito minutos, Steamboat Willie. O criador permanece com a criatura. De 1929 a 1946, mm parte dos mais de 100 filmes de animação de Mickey Mouse, o camundongo é dublado por ele.

 Todos esses filmes, mais tudo possível e imaginável, o nonagenário Mickey Mouse serão visto na exposição Mickey: The True Original Exhibition, um espaço de cinco mil metros quadrados, na 10th Street, em Manhattan, Nova Iorque, que reunirá o passado de Mickey Mouse com trabalhados de artistas contemporâneos, uma experiência interativa, sob a égide da Disney Parks, Experiences and Consumer Products. Obviamente, a Disney não se limitará a exposição. Produtos de moda, alimentos, eletrônicos, brinquedos, acessórios e o que mais se pensar serão lançados mundo afora.

 OSVALDO

 Mickey Mouse é um dos exemplos do sonho americano tornado realidade. Não fosse a persistência de Walt Disney, ele teria morrido nascituro. Ou talvez nem tivesse nascido, e seu desenhista seria hoje, no máximo, lembrado por um pioneiro desenho animado de um coelho, Oswald the Rabbit, criado quando ele morava em Kansas City em 1927, e desenhado por Walt Disney e seu parceiro Ub Lwerks, com relativo sucesso. Feito com baixo orçamento para a Universal, Disney achou que o desenho animado estava muito tosco.

 Foi a Nova Iorque conversar com o executivo da empresa que estava distribuindo Oswald the Rabbit, que não concordou com as mudanças propostas por ele. O desenho fazia sucesso, e seria deixado como estava. Walt Disney, então com 26 anos, disse-lhe que ia levar para outra distribuidora. Foi-lhe mostrado um contrato que ele assinou sem ler com atenção. O direitos do Coelho Osvaldo pertenciam à Universal Pictures. Oswald the Rabbit continuou a ser feito até 1946, por outro Walt, Walter Lantz, que criou um personagem até hoje popular, Woody Woodpecker (O Pica-Pau).

 Na volta para casa, ao lado da mulher Lilian, num vagão de trem, Walt Disney primeiro extravasou a raiva e a frustração. Em seguida, pegou lápis e papel e começou a rabiscar o personagem que mudaria sua vida. Quando terminou, mostrou à mulher, que gostou do desenho, mas não do nome com que o marido o batizara: Mortimer. “Horrível, não combina com um camundongo”, o comentário de Lilian, que aprovou o novo nome que Walt deu ao ratinho, Mickey.

 O RATO FALOU

 A bem a verdade, os 90 anos de Mickey Mouse estão sendo comemorados com atraso. O primeiro desenho animado com o personagem foi produzido em 1927, A Plane Crazy (Um Avião Maluco), inspirado nas peripécias de Charles Lindbergh, apresentado num cinema de Hollywood, para uma plateia, mais ou menos, que não reagiu como Disney e seus parceiros esperavam. A pequena produtora Disney partiu para uma segunda animação, tendo o ratinho como protagonista, Gallopin’ Gaucho. Nenhuma companhia de cinema de Hollywood se interessou. Walt Disney foi vender seu camundongo em Nova Iorque. Tampouco  conseguiu, não que o desenho não tenha agradado, mas porque era mudo. Em 1927, surgiu o cinema falado, e na cidade só se falava na nova técnica. Em Hollywood, Walt e o irmão Roy gastaram o pouco dinheiro que tinham no banco para produzir um desenho animado falado.

 Insatisfeito com a dublagem de Mickey Mouse, Walt Disney mostrou a ele como achava que o ratinho deveria falar. Ele próprio acabou dublando Mickey. Steamboat Willie, que estreou há 90 anos, foi recusado por muitas empresas. A que aceitou, ofereceu um contrato a Disney. Ressabiado pela perda de Oswald the Rabbit, ele não aceitou. Deu um dos pioneiros gritos de independência da indústria de entretenimento.

 O dono de um importante cinema de Nova Iorque, o Colony Theater, gostou do desenho e fez uma proposta de 500 dólares semanais para exibi-los. Logo Steamboat Willie seria um blockbuster. Todas as companhias o queriam. Walt Disney deu o pulo do gato com seu rato. Tornou-se sua produtora também distribuidora dos desenhos de Mickey Mouse. Em pouco tempo, Mickey Mouse extrapolaria as fronteiras americanas.

 Chegaria à França como Michel Souris, ao México como Miguelito Raton, seria conhecido como Milli Kuchi no Japão, Mikki Maus na Rússia. Virou produto de exportação valioso. Cópias do relógio que o ratinho usa foram vendidas aos milhões (Walt Disney ganhou do fabricante oficial o relógio de número 25 milhões). Mickey Mouse chegou a ser senha secreta do Exército americano na Segunda Grande Guerra e ganhou a estrela na calçada da fama em Hollywood. Enfim, o ratinho que quase se chama Mortimer, é um nonagenário realizado.

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