O diretor italiano Franco Zeffirelli faleceu neste sábado (15) aos 96 anos em sua residência em Roma, provocando uma onda de comoção em sua cidade natal, Florença, mas também no mundo do cinema e da cultura, do qual era uma figura chave.
Franco Zeffirelli "faleceu serenamente após uma longa doença, que se agravou nos últimos meses", informou a imprensa italiana, citando fontes da família do cineasta.
"Profunda emoção pelo desaparecimento do mestre Franco Zeffirelli. Embaixador italiano do cinema, da arte e da beleza. Um grande diretor, roteirista, cenógrafo. Um grande homem de cultura", tuitou o chefe do governo italiano, Giuseppe Conte.
"Esperava que este dia nunca chegasse. Franco Zeffirelli partiu esta manhã. Um dos maiores homens da cultura mundial. Nós nos unimos na dor de seus entes queridos. Adeus, querido Mestre, Florença nunca te esquecerá ", escreveu Dario Nardella, o prefeito de Florença.
Para o ministro italiano da Cultura Alberto Bonisoli, Franco foi "um gênio do nosso tempo".
Após o anúncio de sua morte, os meios de comunicação do mundo inteiro prestaram homenagem ao lendário diretor. A BBC lembrou que ele dirigiu estrelas como Elizabeth Taylor e Maria Callas, enquanto os grandes palcos italianos, do La Scala de Milão ao La Fenice em Veneza, expressam sua emoção em suas contas no Twitter.
Franco Zeffirelli faleceu em sua casa em Roma, no Appia Antica, rodeado por seus filhos adotivos Pippo e Luciano, de um médico e do padre da igreja San Tarcisio.
Cerca de uma semana atrás, ele, que sofria de pneumonia há muito tempo, recebeu os últimos sacramentos, informou a imprensa italiana, citando a família.
Após o funeral, cuja data e local ainda não foram definidos, repousará no cemitério das Portas Sagradas de Florença.
Ao contrário do que sua família anunciou pela manhã, a capela ardente não será instalada na segunda-feira em Roma, mas na famosa sala dos Quinhentos do Palazzo Vecchio de Florença. "Todos poderão cumprimentá-lo em sua Florença", disse o prefeito da capital da Toscana, Dario Nardella.
Profundamente ligado à sua cidade natal, Franco Zeffirelli dirigiu em 1966 o documentário "Per Firenze" ("Para Florença") em que descreveu com emoção a inundação histórica que atingira a cidade no mesmo ano e que deteriorou muito de sua riqueza artística.
Este filme, para o qual o ator Richard Burton emprestou sua voz, permitiu a coleta de vinte milhões de dólares para os trabalhos de restauração e reconstrução.
Franco Zeffirelli também instalou sua fundação no centro histórico de Florença, uma vez que queria tornar seu trabalho acessível ao maior número de pessoas possível.
Em breve uma 'Traviata'
Neste espaço barroco de 4.000 metros quadrados, oferecido pela prefeitura por ocasião de seus 92 anos, o maestro expôs suas incontáveis coleções: milhares de croquis, testes preparatórios para suas suntuosas decorações, cartazes dos vinte filmes que ele dirigiu durante sua longa carreira.
Ele também dirigiu mais de trinta peças teatrais e óperas.
Uma valiosa biblioteca guarda mais de 10.000 volumes dedicados à arte, história, literatura e entretenimento.
Admirado pela rainha da Inglaterra (o único na Itália neste caso) por seu trabalho na adaptação para o cinema das obras de William Shakespeare, ele recebeu quatro indicações ao Oscar por "Romeu e Julieta", um filme que lhe rendeu duas estatuetas (melhor fotografia e melhor figurino).
Seu trabalho mais recente como diretor, um sonho nutrido há mais de dez anos, foi a encenação de uma nova "Traviata", que abrirá a temporada do festival de ópera na Arena de Verona, no dia 21 de junho.
Aos 96 anos, ele ainda estava planejando um "Rigoletto", cujo início estava marcado para 17 de setembro de 2020 no Sultanato de Omã, com a Ópera Real de Mascate.