Depois de arrebanhar 4,6 milhões de espectadores no primeiro filme, em 2013, e 9,8 milhões em 2016, Paulo Gustavo está pronto para levar sua Dona Hermínia mais uma vez às telonas a partir desta quinta-feira (26) com Minha Mãe é Uma Peça 3. A obra criada no teatro, inspirada na mãe do ator, Déa Lúcia, chega a seu terceiro longa-metragem com gostinho de despedida, fechando a trilogia da matriarca nos cinemas como uma verdadeira carta de amor do ator à família que ele construiu, bem como aos fãs da divertida e histérica personagem.
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No roteiro deste terceiro filme, escrito por Paulo Gustavo, Fil Braz e Susana Garcia – ela também assina a direção deste longa após o arrebatador sucesso de Minha Vida em Marte (2018) – Dona Hermínia tenta se reinventar ao ver a formação das famílias de seus filhos mais novos, já que Marcelina (Mariana Xavier) está grávida, e Juliano (Rodrigo Pandolfo) vai casar com um rapaz. Ao mesmo tempo, ela vê o ex-marido Carlos Alberto (Herson Capri) tentando se aproximar da matriarca.
Explorando a solidão de Dona Hermínia nos minutos iniciais, Paulo Gustavo comanda quase um stand-up através da personagem, mas consegue prender o público devido à fórmula conhecida de sincericídio junto a um vocabulário verborrágico que os fãs já conhecem. E apesar das poucas aparições, Samantha Schmütz dá sobrevida à empregada Waldeia com boas tiradas e jogando a bola no alto para Paulo arrematar com uma boa piada.
As irmãs de Dona Hermínia continuam impagáveis. A sinergia de Paulo Gustavo e Alexandra Richter, como a irmã Iesa, rendem sempre boas cenas. E ainda que o roteiro, aleatoriamente, jogue a trama para Hollywood e Los Angeles, é lá que vemos a primeira declaração de amor de Paulo: uma cena em que Hermínia, junto com a vizinha Dona Lourdes (Malu Valle) encontra um pai passeando com seus dois filhos. A sequência nada mais é para marcar a presença do marido do ator, o dermatologista Thales Bretas, junto aos filhos gêmeos do casal, Gael e Romeu, de 4 meses.
EMOÇÃO E DESDOBRAMENTO
Mesmo que Dona Hermínia seja marcada pelo exagero e afobação que garantem boas risadas, a trama ainda consegue emocionar numa cena de flashback em que a matriarca leva Juliano a uma festa infantil vestido de Emília. A cena, repleta de significado, não soa gratuita, e fala muito bem sobre preconceito de gênero e bullying na infância.
A terceira declaração de Paulo Gustavo vem através do casamento de Juliano e Tiago (Lucas Cordeiro). Totalmente baseado no casamento de Paulo e Thales na vida real, o filme peca por não exibir o beijo dos personagens no evento, mas o recado sobre aceitação é dado de forma didática e emotiva, de modo a cumprir o papel de, ao menos, abrir um debate sobre o casamento homoafetivo ao grande público.
Com um ritmo melhor que a segunda parte, Minha Mãe é Uma Peça 3 fecha o ciclo de Dona Hermínia no cinema com chave de ouro, graças à humanidade impressa por Paulo Gustavo neste filme, que também pode ser vista nos agradecimentos e fotos pessoais do ator - do casamento e dos filhos - que aparecem nos créditos finais. Agora, é só esperar a trama em formato de série, que será preparada em breve.