
Hong Sangsoo talvez seja, atualmente, o diretor que mais emplaca filmes nos principais festivais de cinema do mundo. Em Cannes, esteve na Seleção Oficial e na Mostra Un Certain Regard várias vezes. Em Berlim, seus filmes já fizeram parte da Mostra Panorama e concorreram na Seleção Oficial.
Se também fosse ator, poderia facilmente rivalizar com Woody Allen, cujos filmes, pelo menos esteticamente, têm muito em comum. Na maioria deles, especialmente Ha ha ha (Prêmio Un Certain Regard, em 2010), The day he arrives e Another country, as histórias giram sempre em torno de personagens masculinos.
Em Nobody´s daughter Haewon, que passou na sexta-feira (15/02) Festival de Berlim, pela primeira vez Sangsoo escolhe uma mulher como personagem central. Mas nem por isso o universo onde os personagens circulam mudou. O mundo ao redor do cinema é sempre uma constante na obra do cineasta. Aqui, a estudante Haewon tenta se desvencilhar de um namoro fracassado com um professor e cineasta já casado.
Mas não é só isso. Apesar da aparência de felicidade que muitas vezes consegue radiar, Haewon se sente só. Para começar, a mãe resolveu morar no Canadá, deixando-a com um pai que nunca se vê. Na rua, um homem que nunca a viu lhe faz uma proposta de casamento. E, do nada, a atriz Jane Birkin, numa ponta um tanto gratuita, dá para ela o número de seu telefone particular.
Sangsoo trabalha com assuntos simples e muitos particulares. Haewon, às vezes, pega no sono em mesas de cafés. Quando acorda, parece que saiu de um sonho. Do lado de cá da tela, entramos no seu jogo. Afinal, também precisamos sonhar para nos acertamos na vida.
O repórter viajou numa parceria com o Centro Cultural Brasil-Alemanha.