Quem é fã de animação já sabe que agosto é mês de o Anima Mundi trazer o melhor da produção nacional e internacional para as telas de Rio e São Paulo. O segundo maior festival do gênero do mundo, começa na sexta, 2, na capital carioca, e chega à paulista no dia 14. Entre os mais de 1.500 inscritos e 500 selecionados para compor as diversas mostras do evento, falar de um ponto comum que una, seja em questão de linguagem seja temática, todas as obras é praticamente impossível. Afinal, uma das maiores características do mercado de animação mundial é que a cada momento surge uma nova técnica, uma nova forma de se contar histórias animadas.
Mas Cesar Coelho, um dos diretores do Anima Mundi, aponta a crise de identidade como questão comum a filmes que chegam tanto da Coreia quanto do Canadá, da França e do Brasil. “Observamos em longas e curtas de vários países. Há uma crise. E as pessoas querem se expressar. A animação serve de forma de expressão individual”, comenta Coelho. “Hoje, com a tecnologia, é mais fácil produzir animação. Com um bom computador, é possível fazer um filme em casa. Tendo paciência e talento, consegue-se fazer boas coisas”, comenta. “E percebi muita coisa neste tom. De gente que quis dizer ‘quero falar de um problema da minha vida particular, da minha família, de uma questão política da minha cidade’.”
Quanto à produção nacional, vale destacar a fase de amadurecimento do setor. Além de contar com a exibição fora de competição de Uma História de Amor e Fúria, de Luiz Bolognesi, que venceu o festival de Annecy (na França, o Cannes da animação), o festival recebe, no Anima Forum, três diretores brasileiros que finalizam seus longas: Paolo Conti, que apresenta Minhocas, O Filme; Otto Guerra, com Até que a Esbórnia nos Separe; e Alê Abreu, de O Menino e O Mundo. “Falam do processo de trabalho e são atração forte do fórum, que ocorre semana que vem no Rio”, comenta Coelho.
Ainda na lista dos nacionais, Luz, Anima, Ação!, de Eduardo Calvet, é o segundo longa a ser exibido hors concours. Um passeio pela história do cinema animado no Brasil, o filme vem em boa hora, quando o País avança em políticas públicas de incentivo à produção nacional, principalmente para a TV. “Avançamos muito. Há alguns anos, era impensável um cenário em que há tantos longas em finalização, séries de TV, feitas em coprodução com o exterior”, analisa o diretor, que pondera que o Brasil ainda tem muito a percorrer.
ANIMA MUNDI - De 2 a 11/8, Fundição Progresso e Oi Futuro, Rio de Janeiro. De 14 a 18/8, Espaço Itaú de Cinema e Cine Olido.