A primeira reação ao se deparar com um bandido atirando é tentar fugir da situação. Menos para Rogério, personagem de Rafael Infante em Refém, série do Porta dos Fundos que entra no ar nesta sexta-feira, 7, às 11 horas. O protagonista vai fazer de tudo para chegar perto de um ônibus sequestrado por um homem armado, cercado por policiais e atiradores de elite.
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Depois de mentir para a mulher e avisar que viajaria, quando na verdade tinha planos de passar o dia com a amante em um motel, o ônibus em que ele deveria estar fica sob domínio de um criminoso. Para piorar, Jordana (Aline Fanju), sua companheira, liga e ele atende, confirmando que está no veículo. “A situação está tensa”, declara Rogério ao entrar ao vivo em rede nacional pela TV, fingindo que está sequestrado. Em seguida, ele tenta bravamente driblar o cerco e se juntar aos passageiros reféns.
“Tive a ideia quando caiu o avião da Malaysia Airlines. Li no Twitter alguém falando sobre o que aconteceria se tivesse dito a alguém que estaria lá. Pensei em algo que pudesse ser bem brasileiro”, conta Fábio Porchat, que assina o roteiro da nova série. O humorista, porém, tem um papel pequeno na nova leva de vídeos. “Faço um apresentador no estilo do João Kléber. A gente quer fazer um rodízio (de elenco). No Viral, o Gregório Duvivier era o principal. Nesta, ele não aparece”, explica o colunista do jornal O Estado de S.Paulo.
A produção foge dos padrões dos outros vídeos do Porta dos Fundos, que costumam contar com o elenco fixo do canal de humor. Além de 37 atores, entre eles Adriano Garib (o Russo de Salve Jorge), a série de cinco episódios teve 450 figurantes nas sequências rodadas em externas. Para gravar as cenas, a equipe precisou interditar uma avenida no centro do Rio durante dois fins de semana.
Para dar mais realismo à história, os artistas tiveram lições com Rodrigo Pimentel, que repassou a experiência do tempo em que dava expediente no Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar fluminense. “A gente teve uma conversa e ele explicou como funciona uma situação de sequestro. Tudo o que se imagina, acontece”, relembra Porchat.
A série tem inspiração no caso do ônibus 174, ocorrido em junho de 2000, em que Sandro do Nascimento fez os passageiros de reféns na zona sul do Rio, acompanhado pela TV em todo o País com transmissão ao vivo. Depois da série Viral, que fazia graça em cima de um jovem infectado pelo vírus HIV, que tentava descobrir quem passou a doença para ele, Porchat, autor de ambas acredita que a nova produção não toca em um tema tão delicado. “A gente não lida com o fato, não é uma paródia. É uma comédia. A gente vê como a polícia, os políticos e a mídia se comportam nessa situação. Todo mundo é meio atrapalhado. É um thriller policial. É comédia, mas tem suspense.”
Com vídeos cerca de três vezes mais longos que os esquetes do Porta, as série tiveram bom desempenho na internet. “O Viral teve quase 2 milhões de acessos por episódio. Tem outra pegada”, compara. As séries também serão exibidas pela Fox, canal em que os esquetes estão no ar. Entretanto, isso acontecerá apenas em 2015, quando será rodado o longa do Porta dos Fundos, em fase de roteiro. No fim deste ano, os humoristas colocarão na internet o novo especial de Natal, que, no ano passado, causou polêmica por tocar em temas bíblicos. “Agora, será sobre o Velho Testamento.”