A menos que você seja um fã ávido pelo universo dos super-heróis, é provável que o nome de Jessica Jones, sem contexto, não lhe diga nada. A personagem da Marvel, que ganhou um seriado próprio em parceria com a Netflix na semana passada, nunca esteve sob os holofotes da imprensa nem alavancou bilheterias com adaptações cinematográficas. Agora, no entanto, ela encabeça os assuntos mais comentados da semana.
Segunda série de cinco que a Netflix pretende lançar, Jessica Jones surge após o sucesso de O Demolidor, primeira parceria do serviço de streaming com a Marvel, que arrebatou crítica e público. O “homem sem medo” já é figurinha carimbada, familiar até entre quem não costuma ler quadrinhos, desde que ganhou uma adaptação para os cinemas em 2003 pelas mãos do diretor Mark Steven Johnson. Entretanto, o herói aparece muito mais sóbrio na trama da série.
Personagem que deu início ao selo Marvel para maiores de idade, Jessica Jones não apresenta nenhuma heroína de collant colorido. A narrativa envolve o público com uma protagonista audaz, vítima de um passado frustrado. Porém, o que conhecemos a partir do recorte do canal de streaming está além da Safira das HQ. A mulher extremamente poderosa dos quadrinhos ainda é a mesma, desbocada e curiosa. No entanto, agora as cicatrizes estão expostas e seu lado mais frágil vem à tona, enquanto ela sofre as consequências de seus passos errantes e do alcoolismo.
Durante os 13 episódios da 1ª temporada, Jéssica (Kristen Ritter) é uma investigadora autônoma da Alias Investigações que enfrenta a dura rotina de sua profissão em Hell’s Kitchen – bairro conturbado de Nova Iorque, abalado pelo surgimento de seres dotados de superpoderes, onde também foi ambientado O Demolidor.
Atormentada pela presença de Kilgrave (David Tennant), que outrora utilizou seus poderes de controle mental para colocá-la sob seu comando, torturá-la e incluí-la em seus esquemas criminosos, Jéssica tenta salvar inocentes da mira do sarcástico e imponente vilão. Por outro lado, Kilgrave está sedento pela única coisa que deixou de possuir: Jéssica. Ponto alto do seriado, o britânico David Tennant é bem íntimo das telinhas, onde ficou conhecido por protagonizar a série Doctor Who. Aliás, o ator merece crédito por uma parcela de telespectadores que se ateve à trama antes mesmo de conhecer a história: “O que me motivou a assistir foi, primeiramente, a presença do David Tennant, porque sou fã dele desde Doctor Who”, confessa a jornalista Íris Garbuglio, que devorou o seriado em dois dias. Fã da Marvel, ela brinca que se sentiu “kilgravezada” com a atuação do vilão: “Eu não conseguia parar de assistir”.
Outro ponto forte da história que chama a atenção da audiência é o fato de Jessica Jones passar com folga no teste de Bechdel – avaliação que verifica se as mulheres de uma obra são seres "de verdade" ou se apenas servem de satélite para os homens. A fotógrafa Rocky categoriza: “A Netflix me tornou fã do universo Marvel. Sempre preferi os quadrinhos da DC. Até então, não tinha conhecido nenhuma história de mulheres empoderadas nos quadrinhos da editora."