Convidado do programa Conversa com Bial, da TV Globo, na última terça-feira (11/7), o ator Wagner Moura falou, entre outros assuntos, sobre como lida com a repercussão de suas opiniões, principalmente quando estas envolvem temas da política nacional. Perguntado por Pedro Bial se estava "pagando um preço" por seu engajamento concreto, o ator respondeu que, sim, paga.
"Pago mesmo. Como artista, como pessoa, como tudo", afirmou Wagner. "A gente vive num momento de polarização política muito grande. Geralmente a inteligência vive na zona cinza, né? Entre o preto e o branco. Mas a polarização surge em momentos como esse. Eu me posiciono porque sinto que a gente tá vivendo a história nesse momento, a história tá acontecendo. E eu banco a minha opinião, aguento o tranco".
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Apesar de opinar publicamente sobre temas considerados polêmicos, como no artigo publicado pelo portal Folha de São Paulo no qual critica medidas tomadas pelo governo Michel Temer, ele credita que os artistas não deveriam ser cobrados para darem opiniões.
"Acho que existe uma cobrança muito grande. A polarização traz tudo que existe de ruim, tanto na direita quanto na esquerda. Na esquerda, o que tem de muito ruim é o negócio da patrulha ideológica, querer que a pessoas se posicionem, falem. E tem gente que não tá afim, que não tá preparado pra se posicionar, que não saber muito bem o que dizer", explicou.
Ele diz, no entanto, que não se arrepende de expor o que pensa, mesmo que seja negativamente criticado por isso. "Não me sentiria bem se minha opinião pudesse ser ouvida por outras pessoas, e nós juntos pudéssemos pensar em soluções, e eu não fizesse isso. Por isso prefiro aguentar o tranco do que vem contra mim do que ficar calado".
CARLOS MARIGHELLA
Wagner aproveitou o momento para comentar os trabalhos que tem desenvolvido, como o filme a respeito do político e guerrilheiro baiano Carlos Marighella, do qual será diretor. O ator voltou a afirmou que tem tido dificuldade em conseguir patrocínio de empresas privadas porque o longa "contará a história de um comunista".
Ele comentou, ainda, que pretende dirigir um outro filme e produzir conteúdo próprio em Hollywood, com foco em personagens latinos. A intenção, segundo ele, é desmistificar a imagem violenta e sexualizada dos povos de origem latina, que ele considera pouco representados no mercado audiovisual norte-americano.