Três minutos e 32 segundos. Este é o tempo de duração da faixa Marquei Um X, composta por Sarah Benchimol e Fafy Siqueira, que abre o disco Xou da Xuxa Sete, lançado há 25 anos e que marcaria o último álbum dedicado ao programa que acordava as crianças diariamente nas manhãs da TV Globo há três décadas. O público que via uma loura de chuquinha descer de uma nave espacial para cantar, dançar e brincar durante horas, definitivamente, cresceu. Mas parece que o refrão da emblemática música que abre este texto foi levado à risca por muita gente. E como as quatro pontas desta letra do alfabeto, quatro pessoas, em especial, não têm vergonha alguma de admitir isso, e são presenças confirmadas na noite deste sábado (7) no Classic Hall para relembrar, com a eterna Rainha dos Baixinhos, essa época tão especial no show XuChá – O Chá da Xuxa.
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Antes de chamá-los apenas de fãs, é preciso esclarecer que eles também tiveram suas vidas transformadas pela convivência com Xuxa Meneghel através da telinha. Para o assistente administrativo Leandro Holanda, 27 anos, por exemplo, o nome da apresentadora o incentivou a escrever. “Minha mãe (Leliana) me contou que, por volta dos três anos de idade, ela vivia fazendo palavras como ‘mãe’ e ‘pai’ para que eu aprendesse a escrever, mas eu não conseguia. A primeira palavra que aprendi a escrever foi Xuxa. Porque eu via tanto os programas dela na frente da TV fazendo desenhos, que um dia, espontaneamente, escrevi o nome dela no papel”, conta o rapaz.
Não demorou muito para que Leandro notasse que havia algo de diferente naquela loura. “Eu comecei a perceber que ela era mais que uma apresentadora quando passei a entender as mensagens que ela passava através das músicas e das entrevistas. O estilo de vida e os recados que ela passava eram coisas muito positivas. Xuxa sempre passou a imagem de que não devemos brigar com as pessoas, e que é possível fazer o bem para as pessoas e os amigos”, comentou ele, que é dono do evento no Facebook que tem mais seguidores sobre o XuChá no Recife, com quase 5 mil pessoas.
Moradora do Cabo de Santo Agostinho, a comerciante Sabrina Albuquerque, 33, lembra com carinho da primeira vez que viu Xuxa na televisão. “Ela estava cantando Festa do Estica e Puxa, no Xou da Xuxa. Lembro muito dela dançando e apaixonei de cara ali. Comecei a imitá-la e dançava para as minhas bonecas”, afirma.
Assim como Leandro, Sabrina acredita que as mensagens positivas que a apresentadora passava em seus programas fizeram diferença em sua vida. “Xuxa me ensinou a ter respeito pelos animais, pela natureza. Hoje eu tenho muitos animais na minha casa por causa dela. Eu achava lindo o amor que ela tinha por eles. Tudo que ela ensinou, eu levei para a minha formação como adulta, como mulher. Para mim, ela foi fundamental”, ressalta.
Se para alguns fãs, Xuxa marcou a vida deles na formação do caráter, para a educadora Keith Coelho, 31, o amor pela apresentadora acabou determinando sua profissão e influenciando atitudes práticas para ajudar ao próximo: “Hoje, eu acredito que trabalho com crianças por influência dela. E eu uso muito as músicas dela com as minhas crianças”, argumenta ela, que desenvolveu, com outros fãs da artista, uma vez por ano, o projeto “Encontro X Solidário”.
“O intuito do projeto é colocarmos em prática tudo o que ela nos ensinou, principalmente sobre amor ao próximo, e fazer doações para instituições de caridade. Nos eventos que já realizamos, além das necessidades financeiras, brinquedos e roupas, percebemos que as crianças são carentes de carinho. E Xuxa nos ensinou a levar carinho para as pessoas. Sempre que organizo os ‘Encontros X Solidário’ eu chego em casa renovada”, explica Keith.
Aos 34 anos, o jornalista Bruno Souto Maior também levou o amor pela apresentadora para algo mais sério. Neste caso, para a academia. O seu trabalho de conclusão de curso na faculdade para conseguir o título de bacharel na área foi uma monografia sobre a Rainha dos Baixinhos intitulada Xuxa: as metamorfoses de um mito. “Após ler na internet alguns trabalhos sobre ela que já existiam – mesmo sem entender muito a linguagem acadêmica na época – eu juntei com a curiosidade de querer entender: porquê ela faz sucesso? Afinal, ela era uma pessoa comum que veio do Rio Grande do Sul, foi para o Rio de Janeiro, se tornou uma modelo de renome, depois sex symbol, que foi para a televisão e virou a Rainha dos Baixinhos. Por isso fui estudar para entender melhor o surgimento dessa estrela e os desdobramentos que vieram disso”, justificou ele.
Para Bruno, mais que um objeto de estudo acadêmico ou um case de sucesso, a loura provocou um impacto positivo em uma geração de baixinhos que faz questão de se intitular como ‘altinhos’. “Existe o lado negativo dela, claro, mas o legado dela será marcado pelo positivismo de suas mensagens. Xuxa foi uma pessoa que falava em preservação da natureza muito antes de outras personalidades. Ela se preocupou com crianças excepcionais, surdas e mudas. Mas a principal mensagem dela foi ensinar a acreditar em você, nos seus sonhos e na sua ideia de ser feliz”, conclui.
Sob muita expectativa, após meses de espera, Leandro Holanda, Sabrina Albuquerque, Keith Coelho e Bruno Souto Maior vão se juntar a milhares de altinhos na noite deste sábado (7) no Classic Hall. Mais que uma noite de nostalgia promovido pelo XuChá, várias gerações de fãs vão provar, diante da eterna Rainha dos Baixinhos que, assim como diz o refrão da sua música de 25 anos atrás, eles ainda mantêm um “xis” marcado em seus corações.
SERVIÇO
XuChá – O Chá da Xuxa
Neste sábado (7), a partir das 21h, no Classic Hall (Av. Agamenon Magalhães, S/N, Olinda).
Ingressos: Pista – R$ 80 (meia), R$ 90 (social), R$ 160 (inteira); Frontstage – R$ 140 (meia), R$ 160 (social), R$ 280 (inteira), à venda nas lojas Chili Beans, no local, e nos sites Bilheteria Digital e NE10 Ingressos.