Não é preciso assistir ao último capítulo de A Força do Querer nesta sexta-feira (20) à noite para concluir que a trama de Glória Perez fez história na teledramaturgia brasileira. Seja pela repercussão, seja pela audiência, a autora acabou “matando dois coelhos numa cajadada só”: não só recuperou a vontade dos noveleiros de acompanhar um bom folhetim, como também exorcizou para todo sempre o estigma negativo de seu trabalho anterior, a problemática Salve Jorge.
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Glória buscou contar a história de várias mulheres fortes. E conseguiu. Dadas as devidas proporções, e mesmo com todas as suas fraquezas, Bibi (Juliana Paes), Jeiza (Paolla Oliveira), Silvana (Lilia Cabral) e Ritinha (Isis Valverde) causaram empatia no público. Ao mesmo tempo, muitos homens da novela eram, propositalmente, menos atraentes para o andamento da história.
Além das “mocinhas protagonistas”, a autora também brindou os telespectadores com três personagens menos corretas, mas que só colaboraram para equilibrar mais a trama: a preconceituosa Joyce (Maria Fernanda Cândido), a víbora Irene (Débora Falabella) e a afrontosa Carine (Carla Diaz), que chegou na reta final e disse em poucos capítulos ao que veio.
A novela também apresentou algumas revelações que valem ser acompanhadas em seus próximos trabalhos. Desde a grande estreante Carol Duarte, que pegou o papel mais complexo e defendeu Ivana/Ivan com maestria, passando por Jonathan Azevedo – que ficaria com seu traficante Sabiá por poucos capítulos e conseguiu esticar sua participação até o final – até o simpático Silvero Pereira, que encantou a todos como o tímido motorista Nonato e a extravagante (e talentosa drag) Elis Miranda.
ERROS E ACERTOS
Como nem tudo são flores, a novela deixou lacunas com personagens que pouco alterariam a trama se simplesmente não existissem como o inútil Dantas (Edson Celulari), os amigos Anita (Lua Blanco) e Amaro (Pedro Nercessian) e o marido parasita Junqueira (João Camargo).
A Força do Querer também serviu para destacar os bons trabalhos de Elizângela (Aurora), Zezé Polessa (Edinalva), Dan Stulbach (Eugênio), Marco Pigossi (Zeca), Emilio Dantas (Rubinho) e se divertir com as pontuais participações de Betty Faria (Elvira) e Fafá de Belém (Mere).
Mesmo com toda a marcação nas redes sociais, Fiuk não foi tão ruim como o playboy Ruy, mas há de se convir que os personagens mirins Dedé (João Bravo) e até Ruyzinho sensibilizaram bem mais em suas cenas.
A direção artística de Rogério Gomes também fez a diferença, entregando capítulos envolventes e ágeis, com bons ganchos que garantiram o sucesso da trama em seu todo.