'Game of Thrones': o começo do fim

O fenômeno televisivo 'Game of Thrones' começou seu aguardado último ano neste domingo, colocando no tabuleiro as peças de seu jogo final

Foto: HBO/Divulgação
O fenômeno televisivo 'Game of Thrones' começou seu aguardado último ano neste domingo, colocando no tabuleiro as peças de seu jogo final - FOTO: Foto: HBO/Divulgação

Pouco antes das 22h do último domingo, os fãs do evento televisivo em que se transformou a série Game of Thrones esperavam pela última vez o começo de uma nova temporada. Após uma pausa de dois anos, a atração comandada por David Benioff e D.B Weiss, produzida pela HBO, volta para seu oitavo e derradeiro ano, finalizando a jornada iniciada no começo da década, em 2011. A série, adaptada até certo ponto nos volumes da série As Crônicas de Gelo e Fogo, do britânico George R.R Martin, trouxe uma narrativa ancorada no imaginário medieval fantasioso, preenchida por intricadas tramas políticas, uma tênue linha entre bons moços e vilões e impactantes reviravoltas permeadas por traumáticas mortes.

Winterfell, episódio de abertura da temporada, já foi ao ar carregando a expectativa de um gigante público formado nesses nove anos. Uma boa amostra disso é o recorde de série mais pirateada por vários anos seguidos, entrando no Guinness Book. Com a onda do streaming, a HBO lançou sua própria plataforma, o HBO GO, que, ao dar acesso ao seu conteúdo para além da programação na TV fechada, seria uma forma de aliviar a questão da pirataria. O serviço está no ar, mas ontem, ao disponibilizar simultaneamente o novo episódio, vários usuários reclamaram de problemas na execução, algo que também aconteceu em 2017, com a alta demanda.

Quem conseguiu assistir sem maiores problemas, já pôde ser positivamente surpreendido em seus primeiros segundos, com a nova cara da abertura. Após os eventos da temporada anterior, o mapa de Westeros e adjacências, localidades fictícias onde se passa a trama, foi percorrido de forma diferente nos créditos iniciais, entrando de forma mais intimista em espaços fechados e outros nunca visitados, tudo sob a já épica música tema composta por Ramin Djawadi. Um primeiro presente de despedida.

Em termos narrativos, Winterfell trouxe uma já conhecida estrutura dos primeiros episódios das temporadas, em que as peças estão sendo colocadas no tabuleiro para desenvolverem seus arcos dramáticos. É hora de saber quem é amigo de quem (ou quem está amigo de quem) e apontar as principais ameaças da vez, por enquanto encarnadas na figura do exército de mortos-vivos dos Caminhantes Brancos.

Aqui também já são plantadas as primeiras sementes das vindouras intrigas, assim como o nascimento dos primeiros conflitos internos e dilemas morais. Mesmo com um diálogo ou outro questionável, o episódio conseguiu cumprir essa função de apresentação. É simbólico que o início do final de Game of Thrones tenha se passado majoritariamente na cidade nortenha de Winterfell, onde alguns incidentes e atritos pessoais nos primeiros episódios culminaram em todo caos dramático e político em que os Sete Reinos se encontram hoje.

Futuro e legado

Agora, para resolver as questões abertas por todas as outras sete temporadas, o tempo está mais apertado e o número de episódios menor, apesar de uma relativa maior duração de cada. A condução dos eventos finais exigirá um bom domínio de ritmo e as decisões narrativas terão que ser bem construídas e justificadas, pois agora serão definitivas e não podem correr o risco de sabotar tudo o que foi construído. A responsabilidade ainda aumenta com o cultivo de um público cada vez mais exigente, que se mostra cada vez mais crítico a escolhas feitas por serem fáceis de agradar as expectativas em cima de alguns personagens favoritos.

Ainda assim, antes do fim, Game of Thrones já se saiu vitoriosa em diversos aspectos, provando ser um marco na indústria e um dos maiores eventos televisivos do século 21. Primeiro, trata-se da série mais vencedora da história do prêmio Emmy, com quase 40 troféus, além de também ser recordista no número de indicações em uma cerimônia da premiação. A série também é dona da maior transmissão simultânea, sendo exibida hoje em 186 países. O retorno que o show dá a HBO é estimado em US$ 1 bilhão anualmente, o que garantiu um orçamento de US$ 15 (cerca de R$58 milhões) por episódio para essa oitava temporada, se tornando também a mais cara da TV.

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