O pernambucano que sintonizar a TV na noite deste sábado (31) para ver o Jornal Nacional se sentirá um pouco mais em casa. É que na edição deste sábado, dando início às comemorações aos 50 anos do telejornal mais tradicional da TV Globo, começa um rodízio especial com apresentadores de cada estado brasileiro. E abrindo este momento especial, Pernambuco será representado logo no primeiro sábado com a presença de Márcio Bonfim, apresentador do NE1, da Globo Nordeste, ao lado da representante do Rio Grande do Sul, Cristina Ranzolin.
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O jornalista de 38 anos nascido em Alvares Florence, no interior de São Paulo, está há 13 anos na afiliada da Globo no Recife. Com quase 21 anos de carreira, Márcio tinha como projeto de vida, a princípio, ser engenheiro ou arquiteto. “Eu era um desenhista arquitetônico, e de repente me surpreendi na época do vestibular optando por comunicação social, praticamente, na última semana. Quando trabalhava em um escritório de arquitetura, pelo fato de sempre atender as ligações, um cliente me disse que, com minha voz, eu deveria ser radialista ou apresentador de TV. De repente, eu fiz um teste indicado por ele, e fui selecionado. Uma semana depois, comecei a faculdade de jornalismo, o curso técnico de Rádio, e estou na estrada há um tempo. Foi assim que eu acabei me envolvendo com a comunicação”, contou Márcio por telefone, direto da redação da Globo no Rio de Janeiro para o Jornal do Commercio.
O âncora do NE1 chegou à Recife em 2006. Tempo suficiente para se sentir pernambucano de coração. “Tenho uma relação muito próxima: sou casado com uma pernambucana, tenho um filho pernambucano, a bisavó da minha filha, que mora em São Paulo, é de Serrita, no interior do Estado. Quando cheguei aqui em 2006, passei a conviver na redação com pessoas que contaram para o Brasil e para o mundo a importância e a relevância de Pernambuco de uma forma geral. Hoje, me sinto em casa quando apresento o telejornal do meio-dia, que é voltado para as comunidades, abrindo espaço para os moradores cobrarem do poder público. Me sinto honrado por estar em Pernambuco realizando o que eu mais gosto, que é trabalhar com informação”, afirma.
Tamanha proximidade com o público fez com que Márcio Bonfim ganhasse reconhecimento no Estado pelo seu trabalho, e isso será mostrado a nível nacional hoje na bancada do JN. “Soube quando começou a veicular na imprensa, de uma forma geral, a história do sorteio dos apresentadores de cada estado. Eu fui surpreendido. Quando recebi a notícia da minha escolha, fiquei muito feliz e honrado. Além da honra, tive noção da responsabilidade, porque é trabalho. Há uma responsabilidade de estar no principal telejornal da casa”, comenta.
'Sempre acreditei no trabalho'
De pé no chão, o jornalista comentou a questão da representatividade de ter mais um negro comandando o telejornal: “Vou usar um pouco do que a minha mãe sempre diz: todo dia é uma construção pela carreira. Seja no trabalho, seja na vida. Eu já tenho 20, indo para 21 anos de profissão. Ao longo dessa minha trajetória, trabalhei em emissoras educativas, na TV Cultura, na TVE do Rio, afiliadas da Globo, emissoras de rádio, e agora, há 13 anos na Globo Nordeste como apresentador do NE1. Eu sempre acreditei muito no trabalho. E não posso desmerecer o quanto eu trabalho diariamente na profissão, como jornalista de uma forma geral. Seria muito complicado dizer que eu estou aqui só por ser negro. Não é só por isso. É a construção de uma carreira de uma pessoa que saiu do interior de São Paulo que trabalha, que é pai, que é irmão. [...] Não estou aqui preenchendo uma vaga destinada a alguém de um biotipo. É resultado de um trabalho realizado em 20 anos de profissão. Eu vim para cá para trabalhar, fui escalado para isso. É assim que eu vejo”.
Márcio Bonfim está na redação do Jornalismo da TV Globo, que fica no Jardim Botânico, desde a última quarta-feira, se inteirando do processo de produção do Jornal Nacional. “Todos os dias aqui na redação estou tendo a oportunidade de acompanhar a formatação, o trabalho dos editores, de apuração das reportagens, como funciona a dinâmica do JN de forma geral. Estamos entendendo os espaços, o cenário. Quando estou no NE1, aí no Recife, eu consigo acompanhar as equipes que estão na rua. Já aqui no Rio eu consigo acompanhar uma reportagem que está sendo feita, por exemplo, em Pernambuco ou no Sul do País. Estou tendo essa visão mais ampla”, relata.
Muito querido nas redes sociais e fora das câmeras, a repercussão dos telespectadores em ver Márcio representando Pernambuco no Jornal Nacional foi bastante positiva. “Tenho recebido dezenas, centenas de mensagens. Não só pelas redes sociais, até mesmo das fontes que entram em contato comigo por telefone. As pessoas têm vibrado muito. É por isso que me sinto pernambucano de coração. Esse retorno eu vejo como um sinal de respeito como pessoa e pelo meu trabalho”, conclui o jornalista.
