LANÇAMENTO

O segredo dos contos de Lygia Fagundes Telles

Novo livro de contos da escritora reúne histórias sobre a infância

Diogo Guedes
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Diogo Guedes
Publicado em 23/07/2012 às 20:34
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Uma boa definição do que é um conto poderia vir do novo livro da mestre no gênero, Lygia Fagundes Telles. O título da obra, O segredo e outras histórias de descoberta (Cia das Letras, R$ 24,50, 96 páginas) traz duas possíveis interpretações do que podem ser as narrativas curtas, ambas igualmente interessantes.

Uma delas seria a de que fala a crítica literária Noemi Jaffe no final da obra, a ideia de descoberta que permeia todos os contos. São crianças em histórias de uma revelação inesperada, de uma dissolução de alguma ingenuidade da infância – aqui também uma ideia de pureza.

A outra forma de enxergar o título e os contos trava, é claro, algum diálogo com a visão de Lygia de seus contos como “histórias de descoberta”. Só que aqui, como no conto que dá título ao livro, mais importante que a descoberta talvez seja o momento do segredo. As narrativas podem ser mais sobre o que não dizem do que sobre o que de fato enunciam.

Durante a Flip deste ano, Ian McEwan comentou sobre seu novo livro, Serena, defendendo que espionagem e literatura são muito parecidas: ambas lidam o tempo todo com a relação entre o que se pode contar e o que não se pode. Um romance, para ele, é sempre a economia da informação, sobre o momento certo de se dizer o que quer.

É do segredo que as narrativas de Lygia e, talvez, grande parte dos contos, falam. Sobre o que está escondido e só é apresentado no momento oportuno. Sobre o que todos nós vivemos, o amadurecimento, mas não só no instante em que se revela, mas no instante em que ainda é gestado, em silêncio, no seio da inocência – cenas que a narrativa de Lygia capta com perfeição, como de costume.

Leia mais na coluna Escrita no Jornal do Commercio desta terça (24/7).

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