A comédia stand-up é uma forma de transformar piadas soltas em um monólogo, com mais dados cênicos: normalmente, os comediantes criam, conscientemente ou não, um personagem que se confunde com sua própria pessoa para falar no palco. Em sua estreia como dramaturgo, Marcelo Serrado faz de Tudo é tudo, nada é nada um pouco dessa mistura de improvisação e texto decorado.
Na peça, Serrado fala diversas vezes de alguns dados biográficos seus, se usando dessa mistura entre personagem e ator para ironizar o seu sucesso no papel de Crô, da novela Fina Estampa, e falar de aventuras amorosas da adolescência e de suas viagens. No palco, ele segue a cartilha dos humoristas stand-up brasileiros, passando até pelas esperadas piadas mais polêmicas.
Serrado é um bom ator televisivo, mas um humorista sem muita criatividade – ainda que tenha agradado parte do público. O seu texto traz piadas fracas, que muitas vezes já foram contadas com poucas alterações. O ritmo da peça é apressado e deixa claro que o texto é ensaiado e que o ator nem sempre domina o timing do stand-up.
O ator ainda reclamou algumas vezes do teatro (do ar-condicionado, que realmente não estava funcionando), do público (que tentou tirar fotos) e da sua produção. No final, ainda tentou amarrar o conteúdo da peça, sem muito sucesso.