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Literatura bem representada no Prêmio Pernambuco de Literatura

Além de premiar outros quatro autores, concurso dá sua honraria principal para o jovem escritor e economista Bruno Liberal, de Petrolina

Do JC Online
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Publicado em 11/05/2013 às 5:50
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Além de premiar outros quatro autores, concurso dá sua honraria principal para o jovem escritor e economista Bruno Liberal, de Petrolina - FOTO: Divulgação
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Desde o anúncio de seu regulamento, o Prêmio Pernambuco de Literatura, da Secretaria Estadual de Cultura (Secult), prometia contemplar a diversidade da literatura pernambucana. O resultado do concurso, anunciado esta semana, cumpre essas expectativas, com vencedores de todas as macrorregiões e gêneros literários. O grande destaque da primeira edição do prêmio foi não só do interior como também um autor pouco conhecido: o economista e escritor goiano radicado em Petrolina Bruno Liberal, 31 anos, com o livro de contos Olho morto amarelo, que levou R$ 20 mil.

Ainda foram premiados Fernando Monteiro, Delmo Montenegro, Walter Moreira dos Santos e Joseilson Ferreira, cada um com R$ 5 mil, de um total de 192 inscritos. Todas as obras premiadas serão publicadas pela Cepe Editora. Além disso, uma das condições dos prêmios é que os autores escolhidos participem das atividades dos festivais literários da Secult.

Olho morto amarelo não é a estreia de Bruno, que lançou sua primeira obra, Sobre o tempo, no ano passado. Apesar de morar em uma cidade que não tem livrarias, ele sempre foi um leitor voraz, desde nomes mais clássicos, como Dostoievski, Kafka, Graciliano Ramos e Guimarães Rosa até autores contemporâneos, a exemplo de José Luiz Passos, Ricardo Lísias, David Foster Wallace, Daniel Galera e Raduan Nassar.

“Fiquei sabendo do concurso já em cima do prazo. Achei que teria alguma chance só porque era dividido em regiões”, conta Bruno, que fez oficina literária com Marcelino Freire. Nos 11 contos de Olho morto amarelo, Wellington de Melo, coordenador literário da Secult, destaca a habilidade de Bruno para trabalhar a linguagem sem deixar de lado a narrativa. “Isso é algo que falta em parte das obras atuais, que são só linguagem”, opina Wellington. Ele ainda destaca que o romance tem poucas marcas regionais: a cidade de Petrolina só é citada uma vez, por exemplo.

“Fiquei feliz porque o Prêmio Pernambuco cumpriu o papel de revelar nomes, como Bruno e Joseilson Ferreira, mas que também reforçou a qualidade da produção de bons autores com anos de estrada, como Fernando Monteiro, Delmo Montenegro e Walter Moreira dos Santos”, aponta Wellington.

Fernando Monteiro foi o único autor que venceu com um romance, O livro de Corintha. Nos últimos anos, ele abandonou o gênero para se dedicar à poesia, em protesto ao abandono dos versos pelas editoras brasileiras. “Inscrevi o romance, que é antigo, de antes dessa ruptura, porque me senti quase obrigado a participar do prêmio pois acho fundamental que exista um”, diz o escritor e cineasta. O livro traz um enredo metaliterário, com uma secretária, Corintha, datilografando a obra de um escritor, que narra outra história dentro de seu romance.

Os demais vencedores dos prêmios são o poeta recifense Delmo Montenegro (autor de, entre outros Ciao cadáver), com a obra Recife, no hay; o escritor vitoriense Walter Moreira dos Santos, de larga estrada nos livros infantis como autor e ilustrador, com os contos de O metal de que somos feitos; e Joseilson Ferreira, de Passira, com a obra de poemas Discursos e anatomias, que trabalha a partir da influência de João Cabral de Melo Neto e outros poetas seus versos, em uma obra que demorou 15 anos para ser concluída.

Veja a lista completa de vencedores do Prêmio Pernambuco de Literatura:

VENCEDORES
Grande Prêmio (20 mil)
“Olho morto amarelo”, Bruno Guimarães Liberal (Petrolina)

Prêmios (5 mil)
“O livro de Corintha”, Fernando Antônio de Barros Monteiro (Recife)
“Recife, no hay”, Delmo Montenegro da Silva Júnior (Recife)
“O metal de que somos feitos”, José Walter Moreira dos Santos (Vitória de Santo Antão)
“Discursos e Anatomias”, Joseilson José Ferreira da Silva (Passira)

MENÇÃO HONROSA
“15 dias de ócio em 50 páginas”, Mário Gonçalves de Barros (Recife)
“A volta do rei do cangaço”, Euclides José de Almeida Júnior (Capoeiras)
“Adorável brinquedo”, José Agassiz Vasques Macêdo (Recife)
“Arremessos de um dado viciado”, Ednaldo Francisco do Carmo Júnior (Paulista)
“Digo que é noite”, Rejane Gonçalves dos Santos (Olinda)
“Memorial dos mortos”, Carlos Roberto Magalhães Numeriano (Recife)
“Memórias para um livro de Nina”, Rejane Maria dos Guimarães Paschoal (Paulista)
“O beato”, Tarcízio Rodrigues da Silva (Serra Talhada)
“O duende negro”, Fernando Farias Guerra (Surubim)
“O lume e o agreste”, Fabiano Costa Coelho (Recife)
“O porto distante”, Paulo Afonso Correia de Paiva (Recife)
“Padaria CDU”, Artur Rogério Coelho de Carvalho (Recife)
“Planta baixa”, Cleyton José de Andrade Cabral (Recife)
“Quatro cavalos”, Luiz Felipe de Queiroga Aguiar Leite (Recife)
“Trem do silêncio”, Paulo Sérgio Ferreira da Costa (Recife)

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