ENTREVISTA

A poética da cidade segundo José Luiz Mota Menezes

O arquiteto e historiador fala ao JC sobre a entrada na Academia Pernambucana de Letras e a história urbanística da cidade

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Publicado em 26/05/2013 às 6:10
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Poucas pessoas entendem Recife e Olinda – em suas dimensões poéticas, urbanísticas e sentimentais – como o historiador e arquiteto José Luiz Mota Menezes. Na conversa com o JC, motivada por sua recente eleição para a Academia Pernambucana de Letras, o escritor e pesquisador fala sobre a importância da instituição, os seus mestres e, claro, sobre a sua relação com a cidade e a preservação arquitetônica, tema da maioria dos seus 24 livros.

JC – Qual o papel da literatura na sua vida? Como a leitura foi importante para a sua carreira como arquiteto e historiador?
JOSE LUIZ –
Sempre li muito. Nasci tendo uma excelente biblioteca, a de meu pai, à disposição, e fiz bom uso dela. Tenho hoje um acervo de livros bem maior que aquele que conheci naquele tempo, mas este é especializado em história da arte e da arquitetura. Há muitos livros sobre cinema e poesia.

JC – Qual o lugar mais poético do Recife e de Olinda para o senhor? Por quê?
JOSÉ LUIZ –
O pertencimento aos lugares é a excelente relação desejada para se adquirir respeito pelo patrimônio cultural. Gosto da Rua do Bom Jesus e mais ainda do Rio Capibaribe, que serpenteia as terras secas e marca o perfil das ilhas que formam o Recife. Quanto a Olinda, são as colinas e as ladeiras que escrevem poesias sobre a cidade.

JC – É preciso refletir sobre o que foi perdido na história arquitetônica e urbanística do Recife e de Olinda? Qual a importância do contato com o passado dos centros urbanos?
JOSÉ LUIZ –
O perdido tem significado maior para quem perdeu. Na transformação da cidade, esta uma natural característica de todas elas, várias gerações lamentam suas áreas perdidas. As áreas perdidas, ou desaparecidas, têm importância para a memória e história da cidade. Assim, alguma coisa deveria permanecer para nos dar, mesmo sem a continuidade real, uma falsa, mas necessária, linha do tempo da vida do lugar de vida da gente.

JC – Recife e Pernambuco são locais que menosprezam seu próprio passado? Por quê? E quais as consequências desse fato?
JOSÉ LUIZ –
Não sei se existe um menosprezo. Parece-me não existir é um entendimento do que é valor cultural para toda a gente. A população do Recife e no todo de Pernambuco cresceu sem que os acontecimentos que envolvem a história e a memória dos lugares tenham sido incorporados às suas vidas. A sociedade dominante fez e a dominada assistiu, não viveu a construção dessa história ou dos feitos dos heróis daquela sociedade mandante. Assim como poderiam tais feitos serem partes de suas vidas e de seus álbuns de famílias?

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