HOMENAGEM

O agora cidadão recifense Ronaldo Correia de Brito

Escritor e médico, nascido no Ceará e radicado em Pernambuco há mais de 40 anos, é celebrado pela Câmara Municipal nesta quinta (29/8)

Diogo Guedes
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Publicado em 29/08/2013 às 6:44
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Escritor e médico, nascido no Ceará e radicado em Pernambuco há mais de 40 anos, é celebrado pela Câmara Municipal nesta quinta (29/8) - FOTO: Priscilla Buhr/JC Imagem
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Ao deixar o Cariri cearense para sair em direção ao Recife para estudar para o vestibular de Medicina, em 1969, Ronaldo Correia de Brito fazia um percurso de despedida da terra natal, mas também fazia o caminho de um reencontro. A família dos seus pais havia migrado para o Ceará depois de partir de Pernambuco no século 17; de certa forma, era uma justiça com o passado que ele promovia. Ao mesmo tempo, era uma mudança que mirava o futuro: a capital em que Ronaldo aportava seria sua casa nos 44 anos seguintes. Nesta quinta (29/8), o médico e escritor cearense vai poder se dizer oficialmente recifense, com orgulho, quando receber o título de cidadão, a partir das 15h, em cerimônia na Câmara Municipal.

“No momento em que pisei aqui, fiquei deslumbrado com essa cidade, com a beleza dela”, conta o autor. “Ela era muito bonita nesse período, pouquíssimo verticalizada e com um patrimônio arquitetônico impressionante”. Parte dessa cidade apaixonante que Ronaldo encontrou é revelada pelas palavras no seu mais recente romance, Estive lá fora, lançado no ano passado pela Alfaguara. A partir do personagem de Cirilo, jovem que vem do interior estudar Medicina e procurar o paradeiro do irmão, envolvido na luta contra a ditadura militar, Ronaldo reconstrói no livro a asfixia afetiva e política do período e ainda mostra o Recife sentimental que o autor encontrou por aqui.

Sua paixão pela arquitetura recifense transformou a cidade no seu maior passatempo em meio aos estudos. “Eu gostava mais de andar e de olhar a cidade do que qualquer outra coisa”, aponta. Se para o poeta João Cabral de Melo Neto, o Rio Capibaribe era um cinema particular, Ronaldo estava igualmente deslumbrado pela cidade cortada pelas águas – que, ele diz, Albert Camus diria lembrar Florença. “Eu preferia andar do que ir ao cinema”, define. “O Recife era uma aula de arte ao vivo”.

CENÁRIO
Exercendo tamanho fascínio no jovem Ronaldo, a capital pernambucana não tardaria a se oferecer como presença marcante na sua obra. Os contos de Retratos imorais, de 2010, trazem a Recife mais atual; dois anos depois, com Estive lá fora, ele resgataria a cidade como protagonista do romance.

Uma das principais mudanças para a Recife de hoje é arquitetônica. “Eu diria que 80% desse patrimônio foi destruído, principalmente em bairros como Graças e Torre”, lamenta. A questão é que, mesmo os 20% que restaram somados ao que, bem ou mal, foi construído, são suficientes para o afeto continuar. “Hoje, gosto de ir ao Poço da Panela e até o Bairro do Recife, onde trabalhei por três anos, no passado”, revela.

Leia a matéria completa no Jornal do Commercio desta quinta (29/8).

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