Na coletiva de imprensa de anúncio da Bienal Internacional do Livro de Pernambuco este ano, estavam dois dos homenageados desta edição: o editor Tarcísio Pereira e o escritor Gilvan Lemos. Quando a palavra foi passada para Gilvan, convidado a falar sobre a celebração da sua obra no evento, a resposta veio no estilo mais discreto e pouco afeito a confetes do autor de São Bento do Una: “Não tenho nada a dizer sobre disso”.
Tão marcante quando a prosa do autor pernambucano é seu tipo contido, resguardado. Gilvan sempre foi um nome importante da literatura pernambucana, mas pareceu se negar a fazer parte da formação de uma cena literária: esteve muito mais nos livros do que na mídia.
Suas obras, em boa parte fora do catálogo, começaram a ganhar mais atenção editorial depois de sua eleição – por aclamação, pois Gilvan havia decidido não se candidatar – para a Academia Pernambucana de Letras, no final de 2011. Ano passado, a Cepe Editora publicou Os olhos da treva, quando foi anunciado seu nome como homenageado da bienal deste ano. Agora, em seu estande, no dia 11 de outubro, a editora republica dois novos volumes do autor: Emissários do diabo e O anjo do quarto dia.
“Eu só virei escritor de teimoso. Não tinha colégio em São Bento, só estudei lá até o 3º ano. Livraria, nem pensar. Comecei a comprar livros por reembolso, gastava toda minha mesada. E meu pai não tinha dinheiro para me enviar para estudar em outra cidade, não queria que eu morasse de favor na casa dos outros”, relembra Gilvan, agora com 85 anos. Sua mãe era semi-analfabeta, ele diz, cometia erros sérios quando escrevia. “Mas era uma leitora de Machado de Assis, Dostoiévski e Érico Veríssimo.”
Leia a matéria completa no Jornal do Commercio deste domingo (6/10)