Quando o golpe militar de 1964 depôs João Goulart, Jango, da presidência, uma das modas no Brasil eram os julgamentos simulados em que dois lados defendiam ou acusavam um réu hipotético. Durante a ditadura, esses exercícios eram uma forma de, ponderado sobre a democracia grega, por exemplo, falar da democracia por aqui. Ao criar uma ficção sobre esse período, o escritor e publicitário pernambucano José Nivaldo Júnior exagerou a simulação dos tribunais: fez a ditadura submeter os feitos de Deus a um júri.
Essa é a história de 1964: o julgamento de Deus (Bagaço, 304 páginas, R$ 40), que tem lançamento hoje, a partir das 18h, na Livraria Cultura do Paço Alfândega. O livro é o segundo romance do recifense Nivaldo, que antes havia feito uma continuação para uma obra do pai, José Nivaldo, Atestado da donzela. O publicitário é também autor de Maquiavel, o poder, que já teve mais de 20 edições.
Em 1964: o julgamento de Deus, Nivaldo cria a inusitada situação de um julgamento de Deus por parte da ditadura em uma ironia ao conservadorismo religioso e aos militares. O “processo” começa na pequena cidade de Boi Pintado, representação da Surubim em que o autor cresceu. Depois da BBC de Londres divulgar o fato, a história ganha repercussão mundial.
“Neste livro, eu amplio algo que ensaiei antes: um fato que acontece em um lugar sem importância ganha holofotes no mundo inteiro. Isso é a extensão do processo dialético, em que tudo está relacionado”, conta Nivaldo. Ele era adolescente quando o golpe estourou, mas depois passou a combater a ditadura e chegou a ser preso, em 1973, por mais de 21 meses.
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