CONCURSO

Quem são os vencedores do Prêmio Pernambuco

Wander Shirukaya (Itambé), Helder Herik (Garanhuns), Tadeu Sarmento e Rômulo César (Recife) foram selecionados e vão publicar suas obras pela Cepe Editora

Do JC Online
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Publicado em 16/08/2014 às 5:34
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Um prêmio literário é uma espécie de guia turístico de uma região pouco conhecida, ainda mais quando trabalha com novos autores e obras inéditas. Sua função, assim, é criar uma sugestão de percurso para os leitores, apontar livros de destaque. O Prêmio Pernambuco de Literatura, organizado pela Secretaria Estadual de Cultura (Secult-PE), faz isso ainda mais explicitamente, tentando revelar e publicar escritores de todas as macrorregiões de Pernambuco.

O resultado da segunda edição foi anunciado no final de julho deste ano. O grande vencedor, que leva R$ 20 mil e publicação pela Cepe Editora, veio da Zona da Mata, da cidade de Itambé, perto da fronteira com a Paraíba. O professor e escritor Wander Shirukaya venceu com Ascensão e queda, um romance descrito por Wellington de Melo, organizador do concurso e parte do júri, como dono de uma temática muito pouco comum à literatura pernambucana e brasileira. Wander concorda: “Aqui, os romances sobre música são pouco difundidos. O livro busca pensar a música, refletir sobre como sobreviver nessa época da virada, com a queda das gravadores, fim das dificuldades de gravação. A polifonia foi o formato que escolhi para deixar a narrativa mais interessante. São cinco vozes, dando o mesmo ponto de vista sobre um assunto, muitas vezes se contradizendo.”

Wander escreve desde 2007: já publicou, em 2011, o livro de contos Balelas e faz parte do coletivo sediado na cidade de Goiana Silêncio Interrompido, de recitais e performances. “O prêmio ajuda a dar respaldo para um desconhecido querer me ler”, explica.

Dos outros três vencedores – cada um levará R$ 5 mil pela colocação –, o mais conhecido do cenário pernambucano é o garanhuense Helder Herik. Um dos criadores do selo U-Carbureto, ele foi escolhido com o volume de poema Rinoceronte dromedário. São poemas sobre a infância e dislexia, retrabalhadas na linguagem dos seus versos. “Quis pegar um pouco da dicção da criança, o eu-lírico não esclarecido, que não sabe usar as palavras”, conta. “Fui envelhecendo e perdendo meus heróis, meus pais, depois meu avós. Eu me vejo hoje em um mundo escuro, e a claridade é essa recriação da infância.”

Também premiado, o recifense Tadeu Sarmento já tem uma longa trajetória na literatura: possui dois livros publicados, além de outros 11 inéditos. “Escrevo desde os 16 anos. Gosto de escrever um livro, de ter uma fixação. Preciso de obsessões, de ideias fixas. Só assim esqueço o mundo, a força dos fatos sobre mim”, conta. Entre as suas referências, autores como Roberto Bolaño, Onetti, Joca Reiners Terron, Campos de Carvalho e Kafka. No romance Associação Robert Walser para sósias anônimos, ele constrói duas narrativas paralelas. “O livro trata da relação entre literatura e anonimato, entre esquecimento e imaginação, e do quanto um escritor é capaz de se moldar ao desejo de seu leitor ideal, assim como quem ama se dispõe a transformar-se na pessoa pela qual o outro se apaixonou”, define.

Por fim, o time de vencedores é completado com o escritor e procurador federal Rômulo César Melo. Os contos de Dois nós na gravata vêm sendo compostos desde que ele entrou na oficina literária de Raimundo Carrero, em 2009. “Eu sempre li muito, desde a infância. Quando fiz Direito e precisei estudar para concursos, parei um pouco, mas abri minha cabeça quando passei a frequentar centros espíritas. Desde 2002, alterno entre clássicos e livros premiados na atualidade para descobrir o que eu queria criar”, revela Rômulo. Entre suas influências, estão a música clássica, Machado de Assis, Manuel Bandeira, Mário Quintana, Flaubert e Dostoievski.

Leia a matéria completa na edição de sábado (16/8) do Jornal do Commercio.

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