Existe algo estranho em “republicar um texto novo”, como paradoxalmente define o escritor cearense radicado no Recife Sidney Rocha. Até por isso, o autor não pensava em fazer um lançamento da nova versão do seu primeiro romance, Sofia (Iluminuras, R$ 38) na cidade em que mora, o Recife. No entanto, a distância de 20 anos em relação ao primeiro lançamento da obra, vencedora na época do Prêmio Osman Lins, fez Sidney – felizmente – mudar de ideia e organizar uma noite de autógrafos para apresentar a edição atual da história para novos leitores.
O evento acontece nestaq terça (28/10), a partir das 19h, no Roda Café, no Bairro do Recife. O objetivo do autor é apresentar o livro – bastante alterado nessa sua terceira versão, com cortes, acréscimos e mudanças nem sempre sutis – para leitores que não o conheceram na época do lançamento, em 1994. “A primeira edição do livro circulou pouco, a distribuição era precária. As pessoas se interessavam e começaram a xerocar as cópias que tinham”, conta o autor. Só com a segunda edição bilíngue, feita pela Ateliê Editorial, em 2004 (e também cheia de alterações), é que o livro passeou mais pelo Brasil.
Sofia é um romance sem um enredo, de certa forma. Um narrador conta a sua fascinação por essa personagem misteriosa e doce, que escolhe não entender as coisas e procura não se prender a elas. “Nessa versão mais recente, dou um novo destaque ao narrador, que antes era só uma espécie de escada para Sofia. Deixo mais para o leitor captar sozinho. O não dito está muito melhor dito agora”, explica.
Sidney era só um escritor de 20 e pouco anos quando publicou Sofia. “Eu criei o livro para um concurso e, na época, fiz concessões que, mesmo jovem, não faria”, diz. Já na primeira reescrita, para a Ateliê Editorial, ele tirou 40% do romance, cortando, por exemplo, muitas das referências geográficas ao Recife e momentos mais panfletários. “Disseram que Sofia é um romance sobre o nada. A história me interessa muito pouco, e me importo pouco com os personagens: a linguagem sempre me interessa muito mais”, revela Sidney.
Para promover o livro agora, o escritor cearense ainda organizou um projeto na internet. Começou divulgando, em redes sociais, fotos – reais e montagens – de pessoas lendo Sofia, para recomendar a obra. Logo depois, começou a receber contribuições. “Algumas são reais, outras inventadas - é igual a Sofia, que o leitor não sabe se existiu ou não”, brinca.
No lançamento, organizado pela Casa – Projetos Literários e Agência literária, a ideia é encontrar-se informalmente com os seus leitores. “Ah, não vai ter bate-papo, nem mesa. Acho bastante cansativo para todo mundo”, comenta.
O primeiro volume de seu próximo livro, Geronimo, está nas mãos da editora, mas só deve sair depois de 2014. Sidney, no entanto, já está com outras duas obras prontas: um livro de contos e um outro romance, intitulado Claroescuro, que será parcialmente lido na terceira edição da Noites Cartomantes, no dia 11 de dezembro.
