ILUSTRADO

Fábula do lobo em pele de cordeiro em uma versão diferente

O escritor Habib Zahra e a artista Valeria Rey Souto lançam livro modificando a história famosa pelas mãos de Esopo

Do JC Online
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Publicado em 30/11/2014 às 5:52
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O escritor Habib Zahra e a artista Valeria Rey Souto lançam livro modificando a história famosa pelas mãos de Esopo - FOTO: NE10
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O escritor e diretor teatral egípcio radicado em Olinda Habib Zahra sempre achou a conclusão de uma das mais famosas fábulas de Esopo, a do lobo na pele de cordeiro, insatisfatória. Para quem não lembra, o animal se disfarça para ficar mais perto das ovelhas e poder devorá-las, mas termina abatido pelo próprio caçador. Com a sua esposa, a artista plástica espanhola Valeria Rey Souto, ele decidiu criar a própria versão da fábula. O resultado foi o livro O último golpe do lobo mau, a ser lançado neste domingo (30/11), às 17h, na Livraria Cultura do Paço Alfândega, com direito a uma peça baseada na trama.

“O lobo mau é uma figura recorrente nas lendas e contos, mas sempre aparece como um vilão secundário, que faz o mal e depois é castigado. Pensávamos: da onde vem esse lobo? O que o levou a agir dessa foram? Criamos assim uma história a partir do lobo, que é o personagem central”, aponta Habib.

O leitor se depara com o mais perverso dos lobos maus que arma o plano de se disfarçar para se aproximar das ovelhas. O problema é que a acolhida delas – são animais carinhosos, pacíficos e comunitários – surpreende o vilão. “Aqui, ele não morre: ele cresce e, melhor, renasce”, conta Habib. “Fazemos uma crítica ao individualismo e, em um nível mais profundo, ao capitalismo, a essa obsessão de querer se dar bem em cima do outro.” A obra, contudo, não tem um viés moralista, segundo o autor.

O livro é o segundo realizado pelo casal, que já publicou antes O burro errante. Valeria fez novamente belas ilustrações para a obra – um dos atrativos do evento hoje é justamente a exposição na Livraria Cultura dos seus originais, que vão ficar por lá durante um mês. A parceria, apesar de prazerosa, é desgastante, segundo Habib. “Eu sou perfeccionista e ela sofre muito com isso. Fazer ilustrações é um pouco um pesadelo perto da pintura, em que ela faz exatamente o que quer”, explica.

Além desse diálogo com a esposa, Habib também transforma a história ao levá-la para os palcos, com o grupo Virabicho. A direção é de Habib, com trilha de Germano Rabello e Anaíra Mahin. O livro custa R$ 34 e tem patrocínio do Funcultura.

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