ESTREIA

Beto Azoubel lança seu primeiro livro de ficção na Maumau

Com edição da Papel Finíssimo, 'Miocárdio' traz textos escritos entre 2007 e 2010 e com vários formatos

Do JC Online
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Publicado em 08/05/2015 às 18:57
Thiago Corrêa/Divulgação
Com edição da Papel Finíssimo, 'Miocárdio' traz textos escritos entre 2007 e 2010 e com vários formatos - FOTO: Thiago Corrêa/Divulgação
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“Matar um demônio de cada vez.” A frase do livro Miocárdio – Textos de cardiopatia congênita (Papel Finíssimo, 56 páginas, R$ 20), do escritor, antropólogo e gestor cultural Beto Azoubel é um bom resumo das histórias do autor, que escolhe lidar separadamente com um tema, uma sensação ou um problema, cada um em seu momento. Escritos entre 2007 e 2010, os fragmentos que compõem o volume são apresentados ao público nesta sexta (8/5), na Maumau, a partir das 19h.

A obra se trata, como bem define Beto, de uma “salada”, feita de poemas, frases, contos, crônicas e uma ampla gama de gêneros. Criados para o blog Doutor Estranho, eles viraram livro por acaso. Beto trabalha na mesma rua que Leta Vasconcelos, editora da Papel Finíssimo. Nos encontros, casuais ou não, sempre brincava que iria um dia publicar algo com o coletivo pernambucano. Mais tarde, Leta veio cobrar a promessa.

“Eu não tinha nada pronto. Fui olhar no que tinha feito para o blog e fui selecionando o que me interessava daquilo. Eram só textos soltos, mas aí entrou o trabalho de outro editor, Rodrigo Acioli, que criou um recorte e dividiu o que eu tinha em quatro capítulos. Eu fui então só ajustando o livro”, conta Beto. Nesse processo, surgiu a capa prateada, as ilustrações de Helder Santos e a temática dos movimentos cardíacos, além da divisão da obra entre teoria, política, amor e solidão.

São escritos provocados pela realidade, anotações que ficaram na mente do autor, frases que são reinventadas em contos ou poemas que parecem também uma forma de desabafo sobre o próprio cansaço. Alguns dos momentos mais marcantes são quando Beto fala de um desespero comum a vários habitantes de centros urbanos. Em geral, o que interessa a ele são as pessoas que recusam a normalidade acomodada, tanto que um conto fala do “mais legítimo dos desesperos (única posse, aliás): a própria existência”.

Na verdade, os textos foram feitos, em maioria, no período em que Beto escrevia a sua tese de doutorado sobre as crônicas do zine online O Carapuceiro (ele é o organizador, com Adriana Vaz, da recente coletânea com artigos feitos no site). É desse período de estudos que vem o clima de “solidão pesada” de alguns momentos do livro.
Também entram na obra referências explícitas a nomes como Foucault, Marguerite Duras e Machado de Assis, além de alguns ‘quase’ segredos – Beto partiu, por exemplo, de uma frase do diretor David Lynch em entrevista para criar um excelente conto sobre como as palavras podem diminuir a força da realidade.

O volume é a primeira empreitada do autor na criação literária e faz parte da coleção Literatara. “Eu ainda estranho o livro, porque os textos não foram feitos pensando no papel”, confessa. O lançamento é em um ambiente propício: a Maumau, atual sede da Papel Finíssimo. Além de cervejas e da venda do livro, o evento conta com a discotecagem de André Balaio e Keops Ferraz.

 

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