ESCRITA

Bruno Liberal lança livro com contos sobre a violência do cotidiano

Em O Contrário de B., o autor radicado em Petrolina busca o amadurecimento da sua prosa

Diogo Guedes
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Publicado em 22/07/2015 às 4:52
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Em O Contrário de B., o autor radicado em Petrolina busca o amadurecimento da sua prosa - FOTO: Divulgação
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“Entender o mecanismo da memória é entender a própria vida”, explica um dos contos do livro O Contrário de B., terceira obra do escritor goiano radicado em Petrolina Bruno Liberal. Revelado pela primeira edição do Prêmio Pernambuco de Literatura, o autor vem ao Recife nesta quarta (22/7) lançar as suas novas narrativas, editadas agora pela Confraria do Vento. A noite de autógrafos acontece às 19h, na Siwichi Cebicheria.

No volume, Bruno mostra sua primeira obra completa – antes, havia revelado alguns contos novos na edição cartonera de Juro por Deus que É um Final Feliz – desde o livro premiado. Em O Contrário de B. é possível observar o gesto do escritor de tentar ver o mundo através dos momentos de explosão da violência e do vazio cruel do cotidiano. Como o próprio Bruno define, sua literatura é feita dos incômodos e medos que o assolam.

“Tinha um certo receio de publicar outro livro. Venci o prêmio com contos e esse livro tem uma pegada parecida”, conta o autor. Para ele, o volume “nasceu das sombras” de Olho Morto Amarelo. “Enquanto estava em eventos e lançamentos, no meio de conversas sobre a literatura, esses contos foram sendo criados”, lembra.

Esse período o fez também se tornar mais reflexivo em relação à sua escrita. “Meu senso crítico hoje é mais apurado. Você fica naturalmente tentando definir uma estrutura diferente para o conto. Eu antes era mais direto, escrevia para satisfazer uma necessidade minha de subverter algo na linguagem”, explica.

A memória de um instante ou de uma vida termina levando Bruno a falar de uma sociedade esmigalhada, em que homens e mulheres enxergam pouco além do próprio egoísmo e os próprios dramas. Ao mesmo tempo, há o retrato da hipocrisia, do machismo e da crueldade de uma classe média que ascendeu socialmente – com breves referências a Petrolina, cidade onde mora. “Convivo com algumas pessoas que não têm nenhuma vontade de mudar o panorama da realidade hoje. Só querem mudar de carro, mudar de casa, comer em restaurantes novos. Eu tento levar para a escrita a minha angústia com isso”, define. Seu projeto agora, ainda no início, é criar um romance para fugir dos textos de curto fôlego, feitos em períodos recortados.

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