PREMIADA

Anabella López, argentina radicada em Pernambuco, fala sobre obra vencedora do Jabuti

A ilustradora e escritora venceu na categoria de Ilustração Infantil com o livro 'A Força da Palmeira'

Diogo Guedes
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Diogo Guedes
Publicado em 23/11/2015 às 5:29
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A ilustradora e escritora venceu na categoria de Ilustração Infantil com o livro 'A Força da Palmeira' - FOTO: Divulgação
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Quando ouviu a lenda oral africana de Magreb, a ilustradora e escritora argentina radicada em Pernambuco Anabella López ficou marcada pela narrativa – viu, como muitas pessoas veriam, ali a sua própria história. Já com uma trajetória no campo da ilustração para obras infantis, decidiu adaptar a trama para uma obra sua, cuidando com textos e desenhos. Uma criação tão pessoal, que aborda a luta de uma árvore contra o mau e invejoso Bem Sadok, logo virou o volume A Força da Palmeira (Pallas), que foi anunciado na última quinta como o vencedor de uma das categorias do Prêmio Jabuti de Literatura, um dos mais tradicionais do Brasil.

Anabella, que mora atualmente em Porto de Galinhas, quase não acreditou no resultado – sabia que sua obra concorria à honraria de melhor ilustração infantil, mas a sua admirações por autores como Andrés Sandoval, concorrente no prêmio, não a deixou com muitas esperanças. “Estava tomando chimarrão quando minha editora ligou”, conta, descontraída, com um português fluente.

“Acho premiações estranhas, não são necessariamente justas e são muito subjetivas. É complicado dizer que um livro é melhor que o outro. Mas receber um prêmio é muito legal, não sou hipócrita. Fiquei feliz porque meu livro é muito arriscado, tem uma temática densa que aborda a maldade e o abuso”, comenta.

As ilustrações da obra são feitas em técnica mista, como a maioria dos trabalhos de Anabella, mas não é uma continuidade de um traço específico seu, até porque ela não gosta de pensar que tem um “estilo”. “A graça de combinar muitas técnicas é sempre mudar o estilo, fugir de ter um ‘traço’ reconhecível”, comenta. Em A Força da Palmeira, ela cria cenários e panos de fundo expressivos para suas figuras quase abstratas – o malvado Bem Sadok ainda ganhou traços inspirados em uma pessoa que participou negativamente da sua vida.

Pernambuco apareceu na sua vida quando conheceu o Recife, Olinda e a praia de Porto de Galinhas durante uma viagem de férias, há cerca de cinco anos. “Eu não pensava em sair de Buenos Aires – eu ainda amo Buenos Aires, é um dos melhores lugares do mundo. Quando vim aqui, pensei que podia voltar um dia para morar, viver perto da natureza, andar de bicicleta – era algo utópico. Mas eu tinha 27 anos e me perguntei: ‘Se eu não arriscar isso agora, quando vou poder’. E vendi todas as minhas coisas e vim para cá”, relata a agora pernambucana repentina.

A ilustradora não tinha ainda nenhum amigo por aqui, nem mesmo dentro da boa comunidade argentina que vive em Maracaípe. Já com mais de 20 títulos editados, 16 deles no Brasil, ela já criou, no formato texto e ilustração, outras duas obras: O Coelho (Rocco) e Barbazul (Calibroscopio), publicado em 2012 na Argentina, que deve ser lançado em português neste ano. “Ainda há um inédito, que ainda estou criando, que vai ser chama Outros Mundos”, adianta Anabella, uma criadora – ninguém há de negar – de outros mundos belos e expressivos.

Confira as ilustrações de Anabella López no site da autora.

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