Criada entre histórias de cantadores e folhetos de cordel, era inevitável que a escritora e publicitária paraibana Clotilde Taveres terminasse abordando o gênero na sua carreira literária. Mentora do projeto O Cordel Está no Ar, ela passa nesta quarta (9/3) pelo Recife para fazer uma palestra e lançar seu mais recente livro, O Monstro das Sete Bocas (Jovens Escribas). O evento acontece a partir das 19h no Espaço Pasárgada, com entrada gratuita.
A ideia é fazer uma conversa franca sobre a sua escrita. Com apoio do Ministério da Cultura, via Bolsa de Fomento à Literatura, ela vai percorrer 15 cidades brasileiras até julho, sempre abordando sua trajetória e o universo do cordel. “Tenho três livros publicados dentro da temática. Minhas duas novelas foram pensadas para o público infantojuvenil, mas todo mundo que lê gosta. São narrativas baseadas no que eu ouvia das contadoras de história da minha infância e dos folhetos de cordel”, comenta Clotilde.
O Monstro de Sete Bocas, lançado no ano passado, fala sobre um garoto que sai de casa em busca de um remédio para o pai, que está ficando cego. Para conseguir a cura, ele passa por várias aventuras. “O garoto encontra uma moça e se apaixona por ela. Além disso, fica frente a frente com o Monstro de Sete Bocas, que ele precisa enfrentar para conseguir o seu objetivo”, ressalta a autora. O monstro tem esse nome por morar em uma caverna com várias aberturas. “A história é inspirada em dois folhetos: Juvenal e o Dragão e Viagem a São Saruê”, explica.
As referências ao cordel são mais do que naturais. “Eu fui criada no meio deles. Pavão Misterioso eu sei de cor até hoje. Sou de Campina Grande, cresci ouvindo cantadores e violeiros. Quando comecei a escrever, minha temática era sempre voltada a isso. Quando crio crônicas ou contos hoje em dia, abordo temáticas urbanas; mas em histórias mais longas, eu gosto de usar as temáticas da minha infância mesmo”, revela Clotilde. Outra obra sua sobre a poesia popular é O Verso e o Briefing, que mostra como o cordel assumiu e ainda assume, por vezes, os motivos publicitários.
O editor da Jovens Escribas Carlos Fialho acompanha a escritora na sua viagem, divulgando também o restante do seu catálogo. São cerca de 50 livros disponíveis nas palestras e encontros.