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Prêmio Pernambuco de Literatura lança obras da sua 3ª edição

O concurso apresenta nesta quinta, no Museu do Estado, os cincos livros escolhidos pelo júri

Diogo Guedes
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Publicado em 31/03/2016 às 5:30
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O concurso apresenta nesta quinta, no Museu do Estado, os cincos livros escolhidos pelo júri - FOTO: Divulgação
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Foram mais de sete meses de espera – dos leitores e dos autores – entre a divulgação do resultado do Prêmio Pernambuco de Literatura e a publicação dos livros. Nesta quinta (31), a partir das 19h, a Secretaria Estadual de Cultura e a Cepe Editora apresentam os cinco vencedores da terceira edição do concurso de inéditos, que distribui R$ 40 mil em prêmios. É a ocasião ideal para conhecer não só sobre os autores vencedores – todos estarão presentes no lançamento – mas também sobre os trabalhos escolhidos pela comissão do prêmio.

O grande vencedor da honraria, o volume de poesia êxodo, (com minúscula e vírgula mesmo) é a segunda obra literária de Carlos Gomes, crítico cultural e editor da Outros Críticos. O formato é o de um poema épico que joga com as possibilidades do gênero na contemporaneidade. A cada dois poemas, os versos dos textos anteriores se unem e ganham um novo significado – a aventura de êxodo, é por margens físicas, poéticas e metafóricas. Como a própria orelha do livro diz, “em trinta e seis cantos e toda a literatura e imaginário que nos aprisiona”.

Dos outros quatro vencedores, que levaram, cada um R$ 5 mil, três venceram por obras de contos. Caninos Amarelados, do escritor e advogado recifense Mario Filipe Cavalcanti, é a terceira obra de prosa do autor, que lançou no ano passado O Circo, pela Editora da UFPE. Nas pouco mais de cem páginas de Caninos, ele traz a filosofia, a arte e a crueldade da vida e dos sentimentos todos juntos, como uma parte fundamental da escrita e da literatura. Nos seus contos, costumes, convenções, desejos e instintos são ironizados – em Post Scriptum, por exemplo, ele fala do sentimento de um autor após ter seu texto publicado: “A escrita é como no sexo. A publicação é quando a gente rola para o lado, olha para o teto e depois se levanta para lavar o corpo. Não há nada daquele instante artístico em vir aqui apresentar meu livro. Estou com o corpo limpo”.

Também nas narrativas curtas, o livro Nós, os Bichos, do médico e escritor recifense Luiz Coutinho Dias Filho, subverte um formato tradicional: as fábulas. Normalmente, os animais ganham traços humanos para retratar situações da nossa sociedade. No seu “inverso das fábulas”, o autor de A Reconquista do Paraíso e Outros Poemas revela a natureza animal de homens e mulheres através da semelhança de seus atos e gestos com os dos bichos. Na epígrafe, ele define: “Não procurem características humanas nos bichos. Não estamos neles, são eles que estão em nós”.

Primeira mulher entre os vencedores do Prêmio Pernambuco de Literatura desde a criação do concurso, a escritora Rejane Paschoal reuniu 15 contos em Manuscritos em Grafite, primeira obra da autora. A memória e a morte são temas constantes das suas narrativas, recheadas de reflexões e sentimentos sobre a condição humana. Rejane é um nome já aclamado por outros concursos: ganhou menção honrosa no 1º Concurso Cepe de Literatura Infantil e também no 1º Prêmio Pernambuco de Literatura.

Em Watsu – referência a uma técnica de shiatsu praticada na água –, o poeta, jornalista e músico pernambucano José Juva traz versos compostos de uma relação íntima com a natureza e o caos que emana dela. Entre o delírio e desarranjo das palavras, o autor de Vupa cria uma obra provocante, repleta de referências à cultura pop, à poesia, ao xamanismo, como uma poesia que entende que o mais moderno é o primitivo e o inexplorado.

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