FLIP 2016

Misha Glenny, na Flip: ''UPPs estão em colapso e aguentam até a Olimpíada''

O jornalista inglês revelou sua preocupação com a violência no Rio de Janeiro em duas ocasiões

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Publicado em 01/07/2016 às 14:06
Walter Craveiro/Flip/Divulgação
O jornalista inglês revelou sua preocupação com a violência no Rio de Janeiro em duas ocasiões - FOTO: Walter Craveiro/Flip/Divulgação
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Em dois momentos desta quinta-feira (29/7), o jornalista inglês Misha Glenny revelou sua preocupação com a situação da violência no Rio de Janeiro após a Olimpíada, que será realizada em agosto - pela manhã, em entrevista coletiva, e à tarde, quando dividiu uma mesa de debate com o repórter Caco Barcellos. "As UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) estão em colapso: aguentam até os jogos, mas, depois, não há nenhuma certeza pois o corte no orçamento da segurança no Rio foi muito grande", disse ele, autor de O Dono do Morro (Companhia das Letras), sobre o traficante Nem da Rocinha.

A informação alarmante foi complementada por Caco Barcellos, que veio a Paraty lançar o livro Profissão Repórter (Planeta), sobre os dez anos do programa de sucesso - ele, aliás, ficou mais de duas horas autografando a obra. "Nenhuma guerra recente ocorrida no mundo vitimou mais pessoas que os assassinatos acontecidos anualmente no Brasil", disse ele, lembrando a cifra de 50 mil mortes por ano. "É a pior guerra do mundo".

Barcellos comentou que, tão grave como a cifra, é a reação que isso provoca na sociedade brasileira. "Isso já não choca mais porque quem tem voz ativa nas transformações sociais não é atingida por essa marca, restrita às classes mais baixas".

Habitual frequentador do Brasil - chegou a morar três meses na Rocinha para poder escrever seu livro -, Glenny apontou exemplos que explicam a evolução da tragédia social nacional. "Quando vim aqui pela primeira vez, em 1982, as taxas de homicídios do Rio de Janeiro eram iguais às de Nova York. Em 1989, os números cariocas eram três vezes maiores que os americanos. A explicação está no aumento do consumo de cocaína e na consequente guerra entre líderes da droga".

Em sua vivência na Rocinha, Glenny notou que a UPP só tem o controle da periferia da favela. "Lá dentro existe um poder paralelo, onde as pessoas andam armadas e a droga é livremente comercializada". Segundo ele, Nem foi esperto ao promover a paz na favela, o que atraiu mais consumidores.

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