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Svetlana Aleksiévitch: Ganhar o Nobel não é um jogo de pôquer

Jornalista bielorrussa participou de um encontro com o público no Sesc Consolação

Estadão Conteúdo Guilherme Sobota
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Guilherme Sobota
Publicado em 06/07/2016 às 15:08
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A jornalista bielorrussa Svetlana Aleksiévitch participou nesta terça-feira (5/7), de um encontro com leitores em São Paulo, no Sesc Consolação, e comentou suas influências literárias e o recebimento do Prêmio Nobel de Literatura em 2015. "Não conheço nenhum escritor que ficou tão assustado com a profundidade do pensamento humano como Dostoievski", afirmou, citando o russo como seu principal estandarte.

Consagrada pelos seus livros que resgatam a história do comunismo na região da ex-União Soviética, ela disse acreditar que a relação da humanidade com o passado é complicada de maneira geral. "Não só os indivíduos, mas os povos não gostam de lembrar", afirmou.

"Escrevi uma enciclopédia da utopia", comentou, sobre sua obra sobre comunismo russo. "Eu queria mostrar o que nós passamos e como podemos prevenir as outras pessoas". Questionada pela mediadora, a jornalista Patricia Campos Mello, sobre como fazia para colocar seus entrevistados para falar de maneira confortável, ela devolveu: "mas quem tem conforto é quem lê ou quem conta?".

Ela disse acreditar que a literatura deve buscar novos gêneros - o seu é um misto de depoimento, edição e seleção com uma quase ausência de narrador. "As testemunhas importantes da História não são as testemunhas políticas, etc, a pessoa comum acredita em vozes comuns", comentou.

Svetlana também reafirmou que já escreveu tudo o que podia sobre a guerra, e que agora se volta para outros temas: o amor, mas também a velhice. "É um problema: a civilização nos deu 20 anos a mais, mas achamos que a velhice já não é vida. É um resto, que não sabemos o que fazer com ele", apontou.

Questionada sobre suas impressões sobre o Brasil - ela está aqui há alguns dias, participando da Flip e de eventos no Rio e em SP - Svetlana disse que era pouco tempo, mas foi simpática: "É um país muito bonito e as pessoas parecem benevolentes".

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